Precisamente um mês após a sua eleição, a 13 de abril de 2013, o Papa Francisco anunciou a criação de um grupo de cardeais que passaria a consultar, "individualmente ou de forma coletiva, sobre questões particulares". E indicou os seus nomes. Uns meses depois, a 28 de setembro, instituiu o "Conselho de Cardeais". Como é constituído por nove cardeais, passou a ser conhecido pelo C9. Confiou a esses purpurados a missão de o "ajudar no governo da Igreja universal" e de estudar um projeto de reforma da Cúria Romana.
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No passado dia 19 de março foi publicada a Constituição Apostólica "Praedicate Evangelium", fruto do trabalho do C9, a qual reformulou muitos dos organismos vaticanos. Procurou sobretudo colocá-los mais ao serviço da evangelização, como decorre do título "Pregai o Evangelho".
Renovado a 7 de março, o C9 reuniu esta segunda-feira com a sua nova constituição. Apesar de uma predominância europeia (dois espanhóis, um italiano e um luxemburguês) é constituído também por cinco cardeais do Canadá, EUA, Brasil, Índia e República Democrática do Congo, o que garante uma grande diversidade de experiências e mundividências. Apenas dois estão desde o início, os arcebispos de Bombaim e de Boston.
Como resulta claro, o Papa quer ser ajudado na sua missão. Não quer ser um soberano absoluto e solitário, como outros foram tentados a exercer o poder na Igreja.
Quer ouvir e discernir com espíritos diferentes o que deverá propor à Igreja.
Deveria fazer-se algo parecido nas paróquias e nas dioceses. Não é preciso inventar nada, como teve de fazer o Papa: já há conselhos previstos no Direito Canónico. A dificuldade está em encontrar as pessoas certas para os constituir - e que estas sejam representativas de diferentes sensibilidades. Quando tal é possível, devemos escutá-los e acolher as suas sugestões.
Padre