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É famoso por más razões: é grande, pobre, despovoado e, ainda por cima, anda sempre na boca do Mundo sem que com isso ganhe grande coisa.
Nesta legislatura lá tem direito a mais uma unidade de missão e a mais um relatório. Não faltou nenhum tema, nem nenhum protagonista. Nem neste nem nos outros todos. Veremos o que irá ficar.
Não consegui ler porque aparentemente não está ainda disponível. Mas eu e a generalidade dos cidadãos não iremos pensar mais nisso porque não é fácil, nos dias que correm, prestar atenção a 155 medidas. Este, como os outros, peca do mesmo problema: "too good to be true"! Não é por mal certamente, mas em Portugal nada que tenha menos de 100 medidas merece ver a luz do dia. Parece que se a montanha parir só cinco, a comissão não é comissão que se preze.
E, no entanto, tenho para mim que cinco medidas (algumas grandinhas é verdade) seriam um ponto de partida mais sério e mais exequível. Se as colocássemos no terreno em condições e depois propuséssemos dez, talvez já todos começássemos a prestar mais atenção.
As cinco que proponho não são novas e estão certamente consideradas nas tais 155 mas são a proposta de um começo, e começar, nestas coisas que envolvem muitos ministérios, autarquias e freguesias é que é o Diabo!
1. Todas as sedes de concelho têm de ter uma solução de mobilidade (infraestrutura e serviço público) que as coloque a uma distância/tempo razoáveis da respetiva centralidade económica e administrativa (dava jeito que, estas, coincidissem no mesmo território);
2. Todas os cidadãos têm de ter uma solução de mobilidade pública que os transporte em tempo razoável à respetiva sede de concelho;
3. A rede de serviços públicos (naturalmente supraconcelhia) tem de ser dimensionada não à imagem do atual perfil demográfico mas à luz do potencial de crescimento pelo qual temos forçosamente de lutar (se a organização for racionalmente supraconcelhia já poupamos muito dinheiro);
4. As áreas de localização empresarial já construídas e em expansão nas zonas de baixa densidade têm de ser valorizadas, promovidas e escolhidas como destino preferencial para a captação de IDE e os destinos agroturísticos valorizados e permanentemente estimulados a segregar oferta de valor acrescentado;
5. A realidade transfronteiriça de Castela e Leão até ao extremo sul tem de ser relida e deve recondicionar todos os pontos acima, a partir das novas acessibilidades rodoferroviárias bem como das centralidades económicas que potenciam.
É como digo: trocava (mesmo não conhecendo o relatório) estas cinco pelas 100 que ficariam na gaveta. E tenho a ideia de que não seria a única!
* ANALISTA FINANCEIRA