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O site chama-se NIT e não para de aparecer em primeiro lugar no meu feed de notícias. Demorei algum tempo a perceber que NIT quer dizer New In Town. Várias vezes ao dia lançam um título engenhoso para os amantes de moda e uma foto.
Desta vez uma frase sobre mais um look da rainha de Espanha, mas a foto, essa sim, chamava a atenção. Nada mais, nada menos do que Felipe VI a assinar o que parecia um livro de honra e uma legenda identificando a cerimónia como a celebração do V Centenário das "Capitulaciones de Valladolid".
O NIT cumpriu a sua vocação e a entrada na notícia apenas me encheu de pormenores sobre uma venturosa escolha de não sei que venturoso/a estilista.
E foi assim que, tanto quanto pude investigar, se soube em Portugal do arranque das cerimónias de celebração do quinto centenário de uma das mais importantes proezas alguma vez realizadas por um português - a primeira viagem de circum-navegação.
Suponho que a partir de 2019 (Fernão de Magalhães e sua esquadra partiram de Sanlúcar, porto andaluz no oceano Atlântico, no dia 20 de setembro de 1519) teremos um programa de celebrações coordenado pela estrutura de missão criada pelo Governo para o efeito.
Mas não é estranho que a data de assinatura do contrato que estabeleceu as condições em que Fernão de Magalhães e Rui Faleiro (um astrónomo português também exilado) levariam a cabo a expedição, não seja sequer referida em Portugal?
Não é estranho que, por motivos óbvios, a celebração desta efeméride não seja desde o início celebrada num plano Ibérico?
Não seria fácil ao Sr. presidente da República, tão amigo de Suas Majestades, ter assegurado esta abrangência e esta coordenação de esforços?
Entretanto, entre 20 e 22 de março ocorria em Valladolid um congresso de história internacional sob o lema "Primos Circumdedisti Me. Claves de la primera globalización" com múltiplas intervenções de especialistas de França, Itália, Chile, Filipinas e EUA.
Houve apenas uma intervenção por mãos portuguesas a cargo de um membro do gabinete de estudos da Câmara Municipal de Lisboa contra oito intervenções de representantes de universidades, academias e museus espanhóis.
Se não reclamamos como deve ser o nosso lugar na história no que à gesta marítima diz respeito, se não a celebramos em pé de igualdade com os nossos vizinhos geográficos sempre que o empreendimento por lá tenha passado, andamos entretidos com quê?
Se não reclamamos como deve ser o nosso lugar na história no que à gesta marítima diz respeito, se não a celebramos em pé de igualdade com os nossos vizinhos geográficos sempre que o empreendimento por lá tenha passado, andamos entretidos com quê?
* ANALISTA FINANCEIRA