Oito anos depois, o Governo veio finalmente procurar responder aos problemas gravíssimos que afetam os mais jovens. Emancipam-se tardiamente, não conseguem encontrar casa para arrendar ou comprar a preços suportáveis, ganham mal e os que ainda estão ou gostariam de estar no Ensino Superior têm dificuldade em pagar 400 ou 500 euros por um quarto. O retrato desta geração é assustador. Sobretudo, a falta de perspetivas de futuro e a necessidade de emigrar para encontrar oportunidades que se adequem às suas qualificações e ao esforço que dedicaram para aumentar as suas qualificações.
O que surpreende, antes de mais, é só agora António Costa ter acordado para este flagelo que condena aquela que é apelidada como a geração mais qualificada de sempre. Vem a reboque de medidas já apresentadas por partidos como o PSD, que exigem, por exemplo, uma redução drástica do IRS para 15% para os jovens até aos 35 anos. Mas, como diz o povo, mais vale tarde do que nunca. Só que as medidas apresentadas, de tão avulsas e desconexas que são, estão longe de representar qualquer mudança que tenha impacto de facto na vida dos jovens.
Vejamos três das propostas apresentadas. A da redução do IRS dos jovens será apenas por um período de cinco anos, sendo reduzido o benefício à medida que os anos passam. Não precisamos de medidas de cosmética para reter a geração mais nova, precisamos de lhes oferecer um horizonte de esperança para que possam, com previsibilidade, escolher o seu país para ficar.
No caso da devolução das propinas quando entram no mercado de trabalho, importa perguntar como é que conseguem terminar ou entrar nos cursos com quartos a preços exorbitantes? Nem sequer vou discutir o facto de esta medida beneficiar os jovens com mais recursos. O problema é anterior: ignora aquela que é a principal barreira à frequência do Ensino Superior. Lamentavelmente, medidas para apoiar os jovens estudantes com as despesas com o alojamento não se descortinaram nos anúncios feitos por António Costa.
E relativamente aos passes gratuitos para jovens até aos 23 anos, uma medida já implementada por municípios como Lisboa e Cascais, a ver vamos se de facto conhece a luz do dia. É positiva, mas as empresas de transportes já vieram denunciar que não aplicarão a medida se os mais de sete milhões de euros que o Estado lhes deve não forem pagos.
Por estes dias, o primeiro-ministro dizia que era um fazedor. Olhando para estes oito anos de governação, só é possível atestar esse qualificativo em relação às promessas feitas. Fez muitas, mas infelizmente não têm passado disso mesmo.
