Roubos, crimes, desemprego, desastres de viação, falências várias, das empresas aos sistemas de Justiça ou de Saúde, etc., etc.. A onda ecoa por toda a sociedade a ritmo alucinante. Estranho é quando o paradigma muda e existe um comportamento desalinhado do negativo. Nessa circunstância há quem o catalogue de boa notícia.
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Ora aí está: este fim-de-semana garante uma "boa notícia", já de origem conhecida: Braga, Congresso do Partido Socialista.
Muito por culpa do comportamento da classe política, todos quantos adoptam uma posição antipartidária considerarão a conclusão precipitada. Mas não. Basta reflectir...
Os últimos meses têm sido, de facto, marcados por uma nociva falta de comparência do Partido Socialista.
Na sequência da fragorosa derrota sofrida nas eleições legislativas de Junho e o lógico e por muitos ansiado bater da porta de José Sócrates, o Partido Socialista entrou num período de introspecção e navegação à vista. Atadas a um complexo de derrota e também de orfandade, as hostes socialistas enveredaram por um caminho pouco ortodoxo: optaram por uma longa ida a banhos, intervalando, na sequência de uma campanha sorumbática, a eleição do novo secretário-geral, António José Seguro, e a constituição de uma nova equipa dirigente. Até agora.
Sabe-se como o país está atado aos pressupostos definidos pelo FMI, Banco Central Europeu e União Europeia para a tentativa de evitar a bancarrota, e constantes de documento assinado pelo anterior governo (socialista) e pelos partidos agora coligados no poder - PSD e PP. Nada, no entanto, a justificar a inexistência de uma oposição dinâmica e responsável como está a ser apanágio há demasiado tempo.
O Congresso do Partido Socialista só pode, pois, ser catalogado de acontecimento positivo. Dele deve sair, em princípio, uma equipa robustecedora da nova liderança protagonizada por António José Seguro e capaz de dar "músculo" comportamental e programático a um partido essencial à democracia e confrontado com a necessidade de contribuir para novas respostas da Esquerda, nacional e europeia, aos novos reptos da sociedade.
Se assim for, se capaz de resistir à inflexão oportunista de posicionamentos, mantendo-se coerente nas propostas e documentos subscritos em passado recente, o Partido Socialista está na antecâmara de se tornar útil no que tem faltado à actual maioria: oposição responsável. Dispondo de legitimidade nas críticas, evidentemente, mas desde que não branqueie o passado recente.