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O fim da modernidade é o título de um ensaio, na revista “Foreign Policy”, da autoria de Christopher Clark que tomo aqui de empréstimo. No citado ensaio, o autor escreve sobre uma crise que se está a desenvolver diante dos nossos olhos e mãos.
A propósito do fim da Guerra Fria uma nova era se está a abrir e repesca o “fim da história” de Francis Fukuyama para nos alertar para este novo momento.
No seu entender, será frequente afirmar que a presidência de Trump representa a queda do neoliberalismo e o retrocesso do processo de globalização do comércio. Contudo, alerta-nos para que devemos ver a relação desta administração com o neoliberalismo como algo semelhante à relação entre o estalinismo e o leninismo.
Curioso será compreender como estes extremos se parecem tocar na argumentação política, dos dias de hoje, onde o taticismo está a imperar mais do que as opções estratégicas. Com efeito, um pouco por todo o modelo democrático, assistimos a imensas contradições que conduzem a uma crise do sistema político e a uma certa simpatia por modelos autocráticos que assentam em simulacros de democracia.
Depois de um esforço em corrigir as tendências revisionistas da esquerda radical e as opções sexuais que parecem estar só reduzidas ao M-F, as novas tendências políticas parecem estar a querer gerar políticos bacteriologicamente puros e concebidos nesse grande laboratório que são os aviários das juventudes partidárias.
Assim começa a ser possível fermentar a criação de teias de interesse que juntam a oligarquia partidária com a oligarquia financeira, afirmando quem são os que estão autorizados a poder ser candidatos a lugares de eleição e cujo condicionamento pretendem manipular nos média e nas redes sociais. Trump e Musk acabaram por ser grandes exemplos deste caldo de cultura.
Em Portugal, o próximo ciclo eleitoral autárquico e presidencial evidencia essa mesma ideia com um número expressivo de candidatos em algumas autarquias, como é flagrante no caso do Porto, ou com uma variedade invulgar de candidatos presidenciáveis.
A questão agora já não é entre a Direita e a Esquerda ou os extremos. A questão agora é sobre quem traz propostas de reformas estratégicas, de um novo pensamento e com uma nova abordagem política.
Nas autárquicas, no caso do Porto, o povo saberá escolher aquele que saiba estar mais próximo e seja mais genuíno. Nas presidenciais, a escolha não poderá ser de egos, mas antes de trabalho e de proximidade.
O resultado será evitar que acabem com a modernidade típica das sociedades mais desenvolvidas e democráticas onde a inovação e a ciência exemplificadas na inteligência artificial não desistem da vantagem da solidariedade e da liberdade que a inteligência emocional caracteriza.
O futuro dirá se não será assim...