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Não se trata de Esquerda nem de Direita. Aquilo a que assistimos hoje em dia é um crescendo de ideais individualistas, em que se sobrepõe o círculo mais pequeno aos interesses do conjunto alargado.
No pós-Segunda Guerra Mundial, atingidos pelo sofrimento resultante de escolhas isolacionistas e defensoras da superioridade do “eu” ou do grupo restrito, testemunhamos o florescer de uma ideia de trabalho e vivência em comunidade alargada. Foi daí que nasceu a Comunidade Económica Europeia, que as Nações Unidas ganharam corpo e que instituições supranacionais como a Organização Mundial de Saúde, entre outras, trilharam o caminho do trabalho conjunto para que todos vivêssemos melhor.
Agora, quando este caminho chegou a uma encruzilhada, percebemos que a escolha é cada vez menos aquela que procura o benefício do conjunto e que afinal o que interessa é o bem do indivíduo.
Quando hoje, por exemplo, olhamos para as decisões de Donald Trump não assistimos apenas à implementação de uma visão crítica da ação do Estado. Vemos um retrocesso no caminho trilhado no pós-guerra e que toma como direção um futuro assente nos interesses individuais (mesmo que ao nível do Estado).
O que perturba quando olhamos para a forma como a Rússia invade a Ucrânia, Israel resolve os seus problemas ou até como Trump diz querer tomar posse daquilo que nunca lhe pertenceu é essa visão interesseira do Mundo em que os objetivos visam beneficiar os mais próximos sem qualquer respeito por tudo o que está em redor.