O Governo não é só um aluno aplicado; segue as pisadas da mestra. Trocado por miúdos: como é sabido - e sentido - o país foi durante vários anos governado sem critério, à tripa-forra, fazendo alarde de uma riqueza virtual à custa de terceiros e uma situação assim redundou numa falência anunciada à qual só se colocou a alternativa de lançar um SOS internacional e assinar um documento a balizar as regras para se receber socorro e dinheirinho destinado às primeiras necessidades, nelas incluídas salários. Herdado, o memorando da troika (a mestra) indica vários tratamentos de choque e o Governo, pimba!, vai riscando cruzinhas nas exigências cumpridas, tentando aqui e ali fintar as datas de aplicação de algumas outras. O comportamento da equipa liderada por Passos Coelho tem sido abnegado, nalguns casos indo até mais longe, em nome de uma doutrina. O povo sente os efeitos da subida de impostos, do corte de salários, de subsídios de férias e de Natal e por aí fora.
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"Bom aluno". "Fazer o trabalho de casa". Estas duas ideias-chave têm trespassado, sem originalidade, o discurso do Governo. Ao ponto de ser fácil, perante tamanha aprendizagem, aplicá-lo a outros patamares de si dependentes.
O aluno ainda está em exame, mas já encontrou o "furo" para uma vida mais fácil: aproveita os tempos mortos e faz de explicador, seguindo o modelo que lhe está imposto (não, não se trata do que trata a Autoridade Tributária...).
A aplicação mais recente da cartilha sobrou para parte dos membros da Associação Nacional de Municípios.
Apesar dos inestimáveis serviços prestados às populações, durante anos uma parte substancial do mundo autárquico viveu em roda livre, somando erros de gestão e engordando passivos. Um dia tinha de dar para o torto - e deu. De corda ao pescoço, asfixiado o municipalismo na razão direta do asfixiamento provocado às economias locais, nelas incluindo alguns construtores civis patos-bravos, qual a saída?
O aluno, isto é, o Governo, apresentou a safa ao explicando: mil milhões de euros em linha de crédito para pagar dívidas de curto prazo, mas debaixo de condições verdadeiramente leoninas. E a negociação em estado de necessidade deu no que deu: a assinatura de acordo da Associação Nacional de Municípios, mas em troca do abdicar de queixas apresentadas em tribunais contra a Administração Central e, já agora, exigências de novos critérios de gestão, incluindo a aplicação de taxas máximas aos cidadãos residentes nas autarquias em bancarrota. Foi de mestre! A receita, claro, está inspirada na troika e acaba por redundar no de sempre: maior esforço financeiro pedido a cada um dos portugueses.
Para todos os efeitos, Portugal está mesmo entregue a especialistas do harmónio. Mas avariado: só fecha o fole, não abre.... E amachuca sempre os mesmos - a gente do povo e os que se enganaram, julgando pertencer à classe média....
