Eduardo Cintra Torres prestou-se ao frete. Soprado ao ouvido que uns tantos políticos eram pagos pela RTP como contrapartida pelo programa "Três pontos", disseram-lhe morde, mas atenção... que ninguém perceba que a fonte fomos nós, mesmo que resulte cristalina, tal qual a intenção.
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O "tiro ao político" rende. Nuns casos percebe-se. Mas noutros também se encontra quem adoraria a tarefa, sem nunca a ter conseguido. Exorciza frustrações e com sorte ainda assegura audiência.
Não fosse a informação não ajudar ao número, Eduardo Cintra Torres não se questionou, nem questionou desde logo quem entendeu visar. Escreveu como encomendado e, fel à parte, justificado num ego de luminária maior do que o ego de qualquer das luminárias participantes no programa, mentiu.
Num artigo de opinião escrito no "Correio da Manhã", garantiu aos leitores que, segundo informações que recolheu, "ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a RTP atribuiu um pagamento mensal de 4000 euros. E ao vice-presidente do CDS e eurodeputado Nuno Melo paga 2000 euros mensais. (...) duas vergonhas, para a RTP e para os próprios".
Sucede que recolheu mal. Sendo que tivesse tido a diligência mínima de querer saber e perceberia que não recebi por opção própria - tal qual Rui Moreira, que trata com náusea como "um do Norte" - um cêntimo que fosse, pela participação semanal no programa.
Ficaria esclarecido de mais. Que, no momento do convite para integrar o painel do "Três pontos", era comentador residente e remunerado num canal privado, sem exclusividade. Que a RTP exigiu exclusividade e, como tal, a rescisão com aquele canal privado. E que o contrato redigido se destinava a tratar nos mesmos termos a prestação no programa concorrente cuja renúncia foi imposta.
Eduardo Cintra Torres pertence a um conjunto de pessoas que querem a RTP concorrente dos canais privados, em todos os conteúdos. No entanto, recusam-lhe as condições que os canais privados permitem, achando que, na opção da maior parte dos protagonistas, a RTP prevalecerá mesmo assim sobre os demais. Engana-se.
Eduardo Cintra Torres prestou-se ao frete para garantir o que nunca aconteceu e, sabendo-o, não se retratou. Nessa medida, não revelou coisa nenhuma. Mas revelou-se como é.