A Igreja Católica vive tempos difíceis em Portugal, porventura regeneradores e renovadores. Tudo depende da forma como os fiéis reagirem a esta provação, a começar pelos seus pastores.
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Os bispos portugueses estão agora em retiro, em Fátima. Uma ótima oportunidade para rezarem pelos problemas que afetam as dioceses. Na próxima sexta-feira os bispos reunirão em Assembleia Plenária para debaterem os resultados apresentados pela Comissão Independente e tomarem medidas concretas em relação aos abusos sexuais.
Em relação aos abusadores, e àqueles que os encobriram, não se espera outra resposta que não seja a sua suspensão. Quanto à prevenção dos abusos, talvez um dia de reflexão não chegue. E será pouco para ponderar o futuro da Igreja em Portugal...
Esta é uma oportunidade para erradicar das comunidades eclesiais todo e qualquer clericalismo ou impunidade clerical. Para isso exigem-se - hoje mais do que nunca! - leigos conscientes das suas responsabilidades. Que não se limitem a ir à igreja adquirir "serviços religiosos" ou assistir a eventos sociais, como funerais, casamentos ou batizados.
Precisam-se homens e mulheres que tragam as convicções e aspirações. Que se envolvam na construção da comunidade. Que tenham uma fé adulta, que testemunhem a sua adesão a Jesus Cristo e aos valores do Evangelho. Que saibam dar razões da sua fé e demonstrá-lo na vida de cada dia.
Para tudo isso, será decisivo investir na formação humana e espiritual, não só dos clérigos, mas também desses mesmos leigos. Só leigos preparados poderão adquirir, e construir dentro de si, uma sólida formação teológica e eclesial. Há propostas de formação laical em muitas dioceses e paróquias. Nas que não existem, é urgente criá-las.
Este movimento é crucial. Dele depende a resposta aos desafios que se colocam à Igreja em Portugal.
*Padre