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Numa sociedade saturada de informação, torna-se crucial distinguir entre factos e opiniões. Recentemente, fomos confrontados com lamentáveis episódios de violência xenófoba no Porto, supostamente alimentados por narrativas que associam a imigração a um percebido aumento da criminalidade.
Contrariando a perceção popular, os dados revelam que os índices de criminalidade da cidade e do distrito do Porto em 2023 foram mais baixos do que os registados em 2019. Contudo, nestes quatro anos, praticamente duplicou o número de estrangeiros residentes no distrito.
Por outro lado, inúmeros estudos científicos realizados em diferentes países e contextos corroboram consistentemente duas realidades: os imigrantes cometem menos crimes do que os locais e o sentimento de insegurança da população tende a ser desproporcionalmente mais elevado do que as estatísticas criminais demonstram.
Apesar de muitos nesta era das redes sociais parecerem identificar-se com a máxima de que “uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade” - uma frase, não coincidentemente, cunhada pelo ministro da propaganda nazi -, é crucial afirmar com clareza que uma mentira permanecerá sempre uma mentira, independentemente do número de pessoas que a difundam.
É fundamental romper com o ciclo de desinformação e preconceito. Em vez de sucumbir ao sensacionalismo e às retóricas populistas, os responsáveis políticos e os cidadãos devem basear as suas ações e opiniões em dados concretos e evidências científicas. Chegou o momento de abandonar as narrativas simplistas e enfrentar os problemas sociais com honestidade e rigor.
O verdadeiro valor reside na verdade. É crucial reconhecer que a imigração não é a causa da criminalidade e que demonizar uma comunidade inteira é não apenas uma falácia, mas também uma premissa extremamente perigosa.
Devemos combater o medo e o ódio com informação e compreensão, construindo assim uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.