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O assalto à PT tornou tornou mais nítida a submissão do interesse nacional às mais-valias dos grupos accionistas e confirma as consequências da privatização de empresas estratégicas
A utilização da golden share para vetar a compra da Vivo pela Telefónica mostra a necessidade de uma política que defenda a economia nacional e os interesses do país. O assalto à PT tornou mais nítida a submissão do interesse nacional às mais-valias dos grupos accionistas e confirma as consequências da privatização de empresas estratégicas feitas pelos sucessivos "governos do tango".
A PT é um grupo cuja estratégia é função do objectivo do lucro accionista, por isso provocou o aumento desmesurado da dívida da empresa, a quebra do investimento no País e a degradação das condições de trabalho. Fazer a CGD votar contra a venda da Vivo e utilizar a golden share para, no imediato, impedir o negócio, não fazem, porém, esquecer a falta de instrumentos para definir uma estratégia compatível com os interesses do país, proteger sectores decisivos para o desenvolvimento, criar emprego com direitos, gerar riqueza e prestar serviços essenciais. A utilização da golden share confirma também que a UE quer furtar aos Estados instrumentos de defesa dos seus interesses, confirmando o seu apoio ao grande capital transnacional. Daí serem os trabalhadores e o Estado a suportar a insaciável sede de lucros dos accionistas privados que, de momento, viram rejeitadas as suas pretensões imediatas.
Impõe-se uma outra política que defenda a economia nacional, garanta um sector público de telecomunicações que incorpore as possibilidades dos avanços técnicos em condições de igualdade em todo o território nacional, factor de desenvolvimento e da coesão do país e da soberania nacional. Uma política que, partindo das actuais posições do Estado, onde se inclui a golden share, garanta o controlo público do Grupo PT.
