Não devo andar muito enganado se disser que o comportamento ou os critérios do IPMA-Instituto Português do Mar e da Atmosfera mudaram significativamente desde aquelas cheias e inundações em Lisboa, em que os responsáveis políticos se queixaram de falta de aviso. É por coisas destas que ainda há muita gente a dizer que Lisboa é Lisboa e o resto é paisagem.
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Não tenho memória nem competência para assegurar à data de hoje se essas reclamações de que falo eram bem ou mal fundamentadas e, por isso, se as queixas tinham muita, alguma ou quase nenhuma razão de ser.
O que sei é que nos dias de hoje dificilmente algum desses responsáveis terá a mínima razão de queixa pelos mesmos motivos invocados nesses dias, em que foram muitos os prejuízos e não faltaram imagens de telhados em pantanas, árvores por terra e carros a boiar em praças e túneis de Lisboa e arredores.
Atualmente, mal o IPMA deteta alguma possibilidade menos inofensiva de precipitação, temos alerta amarelo ativado. E o pessoal assustado.
Ainda no passado fim de semana se repetiram os alertas amarelos quase para todo o país, para sexta, sábado e domingo. Estive envolvido na organização e participei em alguns eventos marcados para este fim de semana, que estavam previstos para decorrer ao ar livre e sei dos incómodos e desconforto que essas previsões desencadearam. Não foi propriamente o caso desses eventos a que me referi, mas também conheço algumas pessoas que deixaram de comprar bilhetes para um conjunto de concertos que se realizavam igualmente ao ar livre neste fim de semana, depois de desmoralizados (e até assustados...) com estas previsões de mau tempo.
Acabado o fim de semana, todos percebemos que as piores previsões do IPMA não se revelaram certeiras e houve uma sensação unânime em quase todo o país de que os alertas amarelos foram manifestamente exagerados.
Claro que quando a realidade é melhor que a previsão não há nenhum responsável político que se queixe e a ideia com que fico é que no IPMA, agora, a convicção que reina, também em termos de previsões meteorológicas, é que mais vale prevenir do que remediar.
O problema é a famosa estória de Pedro e o lobo... Um dia destes, já ninguém liga aos alertas amarelos do IPMA, vai haver uma ocasião em que acertam e lá se estraga tudo outra vez...
*Empresário