23 de junho de 1984. Como esquecer a primeira noitada de S. João no Porto? Para mim, foi fácil. Não me recordo de quase nada. Só de uma caminhada daquelas, provavelmente a maior da vida até à data, visto nunca ter sido muito dado a penitências.
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Tantos passos, tão poucas recordações da festa de todas as festas à moda do Porto, acompanhado pela "namorada" da altura, o Guerra - tão homem ainda hoje que não ficará aborrecido quando ler esta crónica. Lembro-me, apenas, que fomos muito felizes, mas sem compensar a desilusão atravessada desde o final da tarde. Dessas horas, recordo-me bem.
No fecho de uma campanha a roer unhas até às meias-finais do Campeonato da Europa, Portugal esteve a dois dedos juntinhos de bater a França. Com dois golos irrepetíveis: um cabeamento à PlayStation no tempo em que ainda não tinha sido inventada e um remate a ganhar força na relva como não haverá outro. Jordão, herói de linhas físicas perfeitas num século em que os desportistas de alta competição podiam comer batatas fritas, meteu aquelas duas batatas na baliza e deixou-nos a sonhar. Não chegou, festa só mesmo no S. João, mas da alegria de comemorar os golos dele não me esqueço eu.
*Jornalista