O labirinto dos protocandidatos a Belém
Corpo do artigo
Estamos a um ano das eleições presidenciais. Entre os protocandidatos, já houve desistências explícitas, surgiram novos nomes, outros esperam a melhor altura para anunciar essa intenção e outros ainda vão ter de ser descobertos... Marcelo Rebelo de Sousa anunciou, pela primeira vez, que era candidato a Belém a 9 de outubro de 2015. Faltavam três meses para o escrutínio eleitoral. Até esse dia, permaneceu como comentador das noites de domingo da TVI.
Numa declaração ao final da tarde no auditório da Biblioteca Municipal de Celorico de Basto, bem longe das redações centrais dos média, Marcelo Rebelo de Sousa anunciava, em outubro de 2015, que começava ali “uma caminhada de cinco anos”. Na verdade, esse percurso somará dez anos, mas ninguém ousa, numa fase inicial, enunciar que está ali para disputar dois mandatos. Marcelo Rebelo de Sousa surgia num tempo em que o xadrez político não se apresentava demasiado complexo. Sendo comentador numa estação líder de audiências e propondo-se suceder a um presidente da República, Cavaco Silva, demasiado crispado, o caminho deste homem popular não parecia difícil. Dava-se ainda o caso de cruzar com S. Bento onde, na altura, se instalara um novo inquilino que, apesar de pertencer a outra família política, tinha demasiadas convergências com Marcelo e muita vontade de criar consensos políticos. Hoje, a conjuntura é distinta. Em Belém está um presidente não tão desgastado como o anterior; em S. Bento alojou-se um governo em equilíbrio precário e com dificuldade em lançar pontes a outros partidos; e as sondagens não anunciam ninguém com uma vitória hegemónica. Tudo isto exige muita prudência.
Há uma semana, o líder parlamentar do PSD assegurou na RR que Marques Mendes será o candidato do partido a Belém, se essa for a vontade do próprio; também o ministro Adjunto e da Coesão Territorial tem exprimido o mesmo apoio em várias declarações aos jornalistas. Outro dos nomes que têm estado no centro de sucessivas iniciativas é o de Gouveia e Melo, nem sempre calculando bem o impacto da visibilidade pública que vai gerando. António José Seguro tem surgido pelo seu próprio pé. E isso poderá não ser o melhor caminho. Quem tem sido conduzido por terceiros para esta corrida é António Vitorino. Recentemente, Augusto Santos Silva, em entrevista ao Jornal 2 da RTP, teceu-lhe os melhores elogios. E já disse que a candidatura daquele exclui a sua.
A um ano das eleições, percebe-se que parte destas movimentações resulta da falta de notoriedade pública e de popularidade de alguns daqueles que se imaginam como candidatos. Precisam de estrada e de tempo para granjear votos. Ora, isso não é bom na escolha do mais alto cargo na nação.