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A classificação das escolas é a face mais visível, e polémica, dos rankings do Ensino Secundário. Mas a informação oficial que anualmente é disponibilizada, e que serve de base à elaboração das listas por parte dos órgãos de comunicação social, permite retirar outras conclusões. Destaco três.
1. Não surpreendentemente os colégios voltam a dominar os rankings, sendo que a primeira escola pública, a de Vouzela (Viseu), surge em 35.º lugar, mas é relevante que 37 integrem o top 100. Não surpreende porque já é assim há anos e porque comparar escolas com centenas de alunos de diferentes origens sociais e geográficas e instituições privadas com poucos estudantes criteriosamente selecionados não é justo nem permite tirar conclusões válidas sobre a qualidade do ensino. Quanto aos colégios, é importante destacar a realidade das notas internas: num terço destes estabelecimentos, mais de metade das notas atribuídas durante a frequência do Secundário são 19 e 20. Uma inflação das médias que equivale a comprar uma via verde para o Superior.
2. No polo oposto aos colégios estão as escolas TEIP (territórios educativos de intervenção prioritária). A evolução destas secundárias inseridas em contextos desfavorecidos tem sido notável. A taxa de conclusão do Secundário em três anos dos alunos de agrupamentos TEIP passou de 65 para 79% entre 2020 e 2022. Quanto aos alunos abrangidos pela Ação Social Escolar, a melhoria foi mais significativa nas escolas TEIP do que nas restantes.
3. É um dos maiores desafios das escolas atualmente: a integração de alunos migrantes, que duplicou de 2020/21 (6%) para este ano (12%). São cerca de 130 mil alunos de 185 nacionalidades acolhidos em escolas com falta de professores e parcos recursos. Apesar das imensas dificuldades, há sinais positivos - a maioria (60%) dos estrangeiros consegue terminar os cursos científico-humanísticos em três anos.