Acho que já lá vão mais de 10 anos que nenhum "velhinho" acorda um dia com vontade de dizer mal da nossa juventude e dos seus novos hábitos ou vícios. Depois da "geração rasca" e da "geração X" ainda se tentou alguma coisa com a designação dos millennials, mas na verdade há mais de 20 anos que as gerações mais jovens não recebem nenhuma "distinção" deste tipo dos seus pais ou avós.
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Como poderão imaginar não vou ser eu, nem aqui, nem agora, quem vai dar o mote ou lembrar essa lacuna para que algum velhinho do Restelo ou até de mais pertinho, descubra que a geração dos mais jovens precisa de um novo raspanete. Em boa verdade, na antecâmara da segunda vaga da pandemia não faltaram vozes a tentar classificar a geração, como uma geração "canalha" que infeta todo o mundo por causa dos comportamentos irreverentes ou irresponsáveis em noites de folia especialmente nos centros urbanos. Dou-me por satisfeito que este movimento não tenha tido nem voz distintiva nem força suficiente para que mais uma vez alguns dos mais velhos, ressabiados com a vida, voltassem a tentar lançar estigmas sobre uma geração mais jovem e se calhar apenas "vítima" de uma juventude em liberdade e democracia que muitos dos seus avós não puderam gozar.
Esclarecido este ponto de que nunca me anima um potencial conflito de gerações, fico mais à vontade para salientar uma estranha diferença que existe hoje na classificação social de um mesmo tipo de atividade em função da idade de quem a exerce. Trata-se da magna questão da influência sobre decisores e consumidores. Quando alguém mais velho pretende influenciar outrem para um qualquer comportamento ou decisão é imediatamente classificado como lobista e pode mesmo vir a ser acusado de tráfico de influências. Claro que é preciso realçar que só entra nesta comparação a influência que se quer ou pode exercer para a prática de ato absolutamente lícito. Do mesmo modo quando assistimos à atividade de influência generalizada sem qualquer freio, controlo ou reprimenda, mas o autor da campanha é menor de 30 anos, já são só elogios, parabéns e reconhecimentos e não falta gente disponível para pagar o serviço por muito e bom dinheiro. Fica a sensação que uma atividade absolutamente semelhante é credora do gáudio da população e merecedora de destaques virtuosos na Comunicação Social se estivermos a falar dos tais influencers, enquanto qualquer influência exercida por gente mais velha, mais madura, mais conhecedora e quase sempre mais responsável é arrasada pelos média e ato contínuo condenada pelos seus leitores.
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