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No último artigo, citei um Mestre, o Professor Joaquim Luís Coimbra, desconhecendo que este partiria poucos dias depois. Uma das pessoas que fizeram valer esta viagem e de quem não poderia deixar de me despedir publicamente com profundo pesar e um eterno obrigada.
Estive numa ação organizada numa Escola Superior em Ponte de Lima sobre o lobo-ibérico. Não sabia que os dias seguintes trariam a demissão do primeiro-ministro embrulhada em acusações do Ministério Público, em relação ao qual eu própria já estou escaldada desde o dia em que uma procuradora decidiu constituir-me arguida (pasme-se) por ter proposto, enquanto deputada, o fim do tiro desportivo ao pombo!
Voltando ao lobo-ibérico, esse animal enigmático, perseguido por uns e protegido por outros. O lobo-ibérico foi o animal a que António Costa - de forma ambivalente - se referiu no discurso do passado sábado. Mas o lobo-ibérico precisa de políticas claras para que a história do Capuchinho Vermelho se torne na do Capuchinho Verde. Por isso, não são aceitáveis as vinganças pessoais de Ursula Van der Leyen (cujo cavalo terá tido um incidente com um lobo), nem os retrocessos da União Europeia que legitimem que aqueles que se divertem a perseguir e matar sejam os vencedores da História.
A História mostra que o fim da caça de uma espécie significa o sucesso da conservação da natureza. No entanto, lobos continuam a ser mortos por envenenamento, tiro, laço e atropelamento e quem os observa sabe que são muitos mais os que aparecem mortos do que constam nos dados oficiais. As ameaças são reais. O território do lobo-ibérico é subjugado à exploração de lítio, quando deveria ser o inverso, pelo que se deveria suspender a exploração prevista nestes territórios. Em paralelo, os valores naturais deveriam ser potenciados numa estratégia nacional e local para o turismo da natureza.
Para a proteção do lobo-ibérico, a monitorização via GPS revela-se fundamental, assim como ações de intervenção comunitária nos seus territórios e com as pessoas que podem ter razões para os odiar, garantindo-lhes compensações por eventuais danos causados: por cada lobo salvo, salvamos a Humanidade.