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O que não falta na ficção ou na história verídica são pessoas ou personagens que passaram de “bestiais a bestas”. Descartar elementos, seja por incómodo ocasional ou por necessidade de assumir uma nova imagem, tem sido frequente em várias áreas. No futebol, é mais fácil despedir um treinador — muitas vezes competente — do que dispensar uma dúzia de craques com salários milionários.
Por várias vezes critiquei, e critico, Pedro Nuno Santos (PNS). Mas convenhamos: ele não é apenas o Pedro, neto de sapateiro, que ingressou no Partido Socialista por considerar que muitos dos seus colegas tinham uma vida inferior, e pensou que o PS era o caminho para o seu altruísmo na igualdade social.
O PNS que conhecemos como membro do governo de António Costa, que lidou com a “Geringonça”, que tutelou as Infraestruturas e a Habitação, é o resultado de um PS vazio, sem norte, sem visão para o futuro do país — e, principalmente, de um PS que se limitou a garantir, a si e aos seus, o poder, alimentando a máquina partidária e a atribuição de benesses em forma de salários.
Não podemos esquecer o resultado que PNS teve quando disputou a liderança, em que a maioria dos “senadores”, deputados e presidentes de câmara expressaram o seu apoio.
Com a reviravolta das legislativas de 18 de maio, rapidamente — e até com falta de consideração — lhe retiraram esse apoio, numa tentativa de lavar as mãos que faria Pôncio Pilatos corar de vergonha.
PNS é o espelho do PS, das políticas de António Costa e de todos quantos o apoiaram e deram força para levar os seus radicalismos em frente. Não merecia a desconsideração que está a sofrer. O mesmo se pode dizer do Bloco de Esquerda e do PCP.
Manuel Alegre disse que o PS tem de “voltar a ser o partido dos pobres”. Mas como pode um partido representar alguém — seja pobre, rico ou remediado — se nem dos seus sabe cuidar?