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O medo está no ar. As eleições para o Parlamento Europeu são praticamente daqui a um mês e as autoridades estão preocupadas com a desinformação através das redes sociais. Não foi por acaso que a União e a própria NATO decidiram intensificar a sua ofensiva contra este tipo de campanhas. É que os boatos tornaram-se um poderoso fator de manipulação e interferência.
Bruxelas abriu uma investigação sobre a Meta, a empresa que detém o Facebook e o Instagram, por suspeitas de que não está a fazer esforços suficientes para controlar determinados conteúdos políticos nas suas plataformas. À primeira vista, parece uma implicação, mas o Facebook tem mais de 308 milhões de utilizadores mensais na Europa, o que faz desta rede social um importante agente de potencial manipulação. Os exemplos são recentes, como o referendo do Brexit no Reino Unido em 2016 e as eleições que fizeram de Donald Trump presidente dos Estados Unidos nesse mesmo ano.
Na verdade, a investigação ao Facebook e Instagram surge depois de a Comissão ter analisado as principais redes sociais para verificar se dispõem de salvaguardas adequadas para combater fraudes e publicidade enganosa. A nova Lei dos Serviços Digitais obriga as empresas a implementar estes sistemas para reduzir o risco de interferência eleitoral. A preocupação é legítima, até porque a Rússia tem um longo historial de utilização de ferramentas para interferir na política de outros países. No contexto da invasão da Ucrânia, estes esforços têm de ser redobrados. E como recentemente veio a lume a existência de uma rede de influência do Kremlin que inclui pagamentos a eurodeputados de extrema-direita de várias nacionalidades, há todo um manancial de informação que obriga a ter cuidado.