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É curioso como o rio Minho - que une o Norte de Portugal e a Galiza - dá nome a uma extensa região portuguesa que, na sua paisagem, bem refletida no vinho e na gastronomia, se estende até Baião e Vale de Cambra.
A parte a que chamamos Alto Minho é, a meu ver, uma das mais belas áreas de Portugal, com a paisagem marcada pela presença de verde, granito, igrejas e solares, onde se sente uma forte conexão entre as pessoas e uma forte identificação destas com a sua terra. Muito mudou nas últimas décadas, é certo: há parques industriais, muitos estrangeiros na rua e a trabalhar e uma enorme quantidade de alojamentos, restaurantes e esplanadas, nalguns casos num excesso algo "disneilândico", como no centro de Ponte de Lima. Há também menos jovens, pouca vinha de enforcado ou água de lima e não se compreende de onde vem toda a carne barrosã e cachena que se anuncia nos restaurantes. Mas, numa terra de onde partiram alguns nas "navegações" - era de Ponte da Barca a família do célebre Fernão e de Caminha Pêro Vaz -, muitos para o Brasil (retornando, por vezes) nos séculos XIX e XX e tantos mais recentemente para França, Alemanha e outros países, é bom ver o reencontro dos que emigraram com os residentes e os turistas em centenas de festas de verão, para sentir como o Minho se celebra. Assim celebrando também a sua histórica abertura ao mundo e a sã convivência entre todos, por contraponto à tacanhez nacionalista de alguns, que vêm alguns como "outros".