Nos últimos anos, tem sido realizado um esforço sério para incluir outros preceitos na elaboração da tabela classificativa erradamente intitulada “ranking das escolas”. Porém, a que os média publicarão na próxima 6.ª-feira continuará a apresentar-se deveras iníquo, redutor e excludente, com uma ponderação fortíssima numa dimensão: os resultados dos exames.
Na realidade, centrar o foco da análise meramente nestes resultados para graduar as escolas enferma de uma inequívoca omissão desmerecida de critérios indispensáveis para ponderar o valor da escola, nas suas múltiplas faces e especificidades, anulando o impacto que detém no desenvolvimento dos alunos, nas suas famílias, comunidades envolventes e, por conseguinte, na sociedade.
Comparar escolas é uma falácia se ancorarem os argumentos em dados imprecisos, e a meu ver algo arcaicos, quando existem critérios reais e imparciais para o efeito, que tenho vindo a enumerar reiteradamente:
(i) qualidade dos alunos (empenho, assiduidade, pontualidade); (ii) efeito da escola sobre os discentes (valor que acrescenta à entrada e saída do aluno na escola); (iii) número de aulas que os alunos estiveram sem docentes (escassez de professores); (iv) estabilidade do corpo docente; (v) motivação dos alunos e famílias; (vi) efeito das explicações e outros apoios extra na sala de aula/escola; (vii) resultado da avaliação externa das escolas, entre outros.
As escolas públicas realizam um trabalho criterioso e capaz com todos, todos, todos!
É nesta lógica de ser e atuar que o Ensino Básico e Secundário defendem práticas inclusivas e plurais, sustentadas num trabalho diário e personalizado, compreendendo os potenciais e os interesses de cada aluno, recusando o treino exclusivo (só) para os penalties (exames), em favor de aprendizagens integrais e diferenciadoras conducentes à obtenção do sucesso coletivo, seja esse atingido no Ensino Superior ou no mundo do trabalho.
Tal como é projetado, este estudo impõe relativização na sua leitura, aconselhando-se, porém, a criação de um ranking das escolas que preparam melhor os alunos para o Ensino Superior e para a vida. Não seria de destacar as escolas que fazem progredir/evoluir mais os alunos? Este, sim, seria o ranking da verdade!
No final de mais um ano letivo sui generis, felicito todos os professores e todas as escolas pelo trabalho árduo desenvolvido, muitas vezes em águas turbulentas, necessitando, a partir de agora, de paz e estabilidade duradoura, quer no arranque quer ao longo de 2024/2025.

