Thomas Friedman é um reputado jornalista americano. Responsável pela secção de assuntos internacionais do "New York Times" e vencedor do prémio Pullitzer, tornou-se mundialmente conhecido pelo seu livro "O Mundo é plano".
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Nele defende que o século XXI está marcado por um processo de convergência, facilitado pela evolução tecnológica, que permitiu a integração na economia mundial de novas potências como a China e a Índia, dando-lhes um protagonismo não antecipado. Neste mundo plano emergente, a estabilidade económica não é a regra e os fracos e sem capacidade de adaptação tenderão a ficar cada vez mais para trás. Recheado de exemplos, o livro foi um sucesso e gerou uma polémica proporcional. Friedman prepara-se para publicar um novo livro (Hot, flat and crowded), em certa medida uma sequela do livro anterior, enfatizando as consequências para a sustentabilidade ambiental do desenvolvimento económico alcançado.
Friedman tem dedicado os seus escritos mais recentes ao tema, dando notícia de práticas exemplares (como o caso da Dinamarca que tornou o país praticamente independente de petróleo, embora o modelo não seja generalizável) mesmo quando roçam a ingenuidade (como o seu deslumbramento com um autoclismo que permite duas descargas diferentes). Esses artigos são interessantes no que revelam quanto à forma como os americanos se posicionam perante estes temas, conjugando emoção, razão, ingenuidade e determinação.
Diante dos problemas ambientais, Friedman é radical. A má consciência pelo papel que os EUA tiveram e têm no aquecimento global e nos problemas de sustentabilidade do Planeta, conjugada com a maneira de ser americana (paternalista para uns, imperialista para outros) resulta na necessidade de uma revolução verde, liderada, obviamente, pelos EUA Friedman não está sozinho nesta cruzada. Outras vozes influentes, entre as quais se destaca a de Peter Senge, professor no MT e autor do livro "A 5.ª Disciplina", têm feito notar esta urgência de acção. Os argumentos de fundo do seu novo livro ("The necessary revolution") não são novos: trata-se de encontrar formas de viver que não hipotequem o futuro ou, como diz Senge, de vivermos do rendimento e não do capital.
Pensarmos apenas em nós, e nas nossas necessidades, significa ignorar as gerações futuras, os nossos filhos e, para os da minha geração, os nossos netos.
O que há de novo nestes discursos é a noção de que não chegam pequenos passos. É necessária uma revolução, como o foi a revolução industrial. Conduzida pela sociedade civil internacional, dado que o nacionalismo e os ciclos eleitorais convivem mal com uma solução de natureza global e de longo prazo. Os revolucionários serão cidadãos anónimos, empresários, técnicos, empresas e organizações sem fins lucrativos, organizados em redes às quais os governos podem e devem aderir, já que a política, não obstante o que foi dito, conta.
Esta revolução condicionará o mundo em que viverá um outro Tomás, nascido há menos de dois meses. O que, se preciso fosse, dá mais premência ao empenhamento na mudança de comportamentos quotidianos e, sobretudo, na alteração da forma de actuar das instituições. Como dizia Einstein, "não se resolvem problemas continuando a pensar como quando os criámos".