Muitos de nós já terão pedido um empréstimo à Banca. O passo seguinte é a apresentação de uma lista infindável de pedidos de informação em relação à nossa vida, documentos a atestar a idoneidade e capacidade de saldar a dívida.
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Um rol de papéis autenticados equivalente a uma espécie de raio-X à nossa vida. Alguns terão tido, no final desse calvário, uma desagradável resposta: o banco a considerar não terem sido dadas garantias suficientes para assegurar o empréstimo.
Este é o mundo das pessoas comuns. Das que no final de cada mês amealham com esforço algum dinheiro e o guardam com o objetivo de dar como sinal ao banco na compra de uma casa, algures na periferia de uma grande cidade. Há um outro mundo, com o qual contactamos através das primeiras páginas dos jornais, da abertura de noticiários. O mundo dos negócios de milhões com recurso a créditos que dificilmente irão ser pagos. Alguns destes capitalistas sem capital acabam investigados, e o destino de tais investigações, não raro, é o arquivamento; outras, uma acusação. Em certos casos, o milionário - que afinal de seu nada tem, como afirmam, sem corar de vergonha, perante deputados e juízes - acaba detido.
Tudo isto pode parecer uma anedota. Todavia, é assunto demasiado sério. As recentes detenções de Joe Berardo e Luís Filipe Vieira trazem à superfície uma teia de relações pouco saudáveis entre os ditos empresários e quem na Banca dispõe do poder de conceder crédito ou de o rejeitar. No Novo Banco, sim esse que nos foi apresentado como o banco bom, Vieira terá, por interpostas pessoas, comprado as suas próprias dívidas, que contavam vários dígitos, com descontos a rondar os 89 por cento. Consequência: prejuízos avultados para o Fundo de Resolução, sim, esse mesmo onde o Estado não pára de injetar milhões. O administrador do Novo Banco responsável por esses atos de gestão acabou de ser nomeado pelo Estado gestor do Banco de Fomento, o mesmo que deverá gerir muitos dos milhões da bazuca a chegar em breve de Bruxelas. Será sina?
Editora-executiva-adjunta