Corpo do artigo
Todos os dias, somos confrontados com esta realidade que nos parece indicar um outro caminho para uma nova ordem internacional.
Os Estados Unidos têm contribuído muito para isso. Ao seu lado, a China procura manipular os outros poderes para uma outra guerra que se pretende mais comercial. No meio, a União Europeia vai perdendo a identidade de se afirmar como um bloco comercial, com preocupações sociais e autonomia na sua capacidade de defesa.
Num Mundo que vive entre guerras, com gigantesco número de mortes, como em Gaza e na Ucrânia, ou com simulacros de conflitos como foi o caso entre o Irão, os EUA e Israel, além das guerrilhas com contornos comerciais, como as tarifas dos Estados Unidos ou a impaciência dos BRICS, todos parecemos não querer acreditar que, provavelmente, este estado das coisas veio para ficar.
O putativo candidato ao Prémio Nobel da Paz Donald Trump não parece conseguir acertar e recolher os louros do seu esforço para acabar com estas guerras.
Em Portugal, a nossa atitude parece ser de acreditar que vamos passar entre os pingos da chuva. Da parte do Governo, algum trabalho nesta matéria, e da parte da oposição, leia-se o Partido Socialista, vontade para encontrar um consenso nacional para afirmar esta oportunidade que a indústria da defesa poderá representar.
No despertar de uma nova ordem mundial, vivemos as contradições de ultrapassar uma era sem ser como consequência de um grande conflito. Quer nas guerras napoleónicas quer no final da I Guerra Mundial, o Mundo não soube preparar-se para uma outra ordem. Continuou a anarquia nas relações internacionais, que terminou numa outra guerra à escala global. No final da II Guerra Mundial, graças a homens como Churchill ou Roosevelt, foi possível desenhar novas instituições e uma carta do Atlântico que permitiu anos de paz.
Este ano, assinalamos o 80.° aniversário do fim desse conflito, mas não o fim das guerras cuja dimensão regional vai permitindo alimentar imensos problemas de várias origens.
A introdução de novas tecnologias nestes conflitos vai alterar o paradigma de relacionamento em sociedade, a que acresce a inevitável inovação nas áreas da logística e da saúde.
Resta-nos continuar a acreditar que, a qualquer momento, podemos sair deste pesadelo constantemente adiado e prevenir o conselho de John Stuart Mill de que “a única liberdade digna desse nome é a liberdade de procurarmos o nosso bem nos nossos termos, desde que não tentemos privar os outros do mesmo objetivo”.