Gosto de bom tempo. Confesso que, no verão, apanhar sol e ir à praia é uma prática que me ajuda a relaxar, descansar e a recarregar baterias. Por vezes, durante os invernos rigorosos de Bruxelas a expectativa de um verão solarengo e à beira-mar é um pensamento que me ajuda a manter animada e feliz.
O sol, a praia, o mar são elementos que me colocam um sorriso no rosto. Mas é com preocupação que vejo verões que são cada vez menos como eram há uma ou duas décadas. As estações do ano estão a perder as características que as definem e o planeta afigura-se desequilibrado. Ainda na Bélgica, esta semana, pude testemunhar a fúria do clima e a brutalidade da perda de vidas humanas, com tempestades e cheias a meio do verão. E recentemente em Portugal também observamos fenómenos extremos, como as tempestades de granizo na zona de Braga em meados de junho. Estes são os sintomas de problemas que não podemos ignorar e a sustentabilidade do futuro do nosso planeta e é algo que não nos pode deixar indiferente.
Muitas vezes comentamos que verões e invernos estão diferentes. Em conversas com os nossos avós, dizem-nos que não se lembram de temperaturas tão elevadas nem de granizo fora de época. Poderia ser só perceção, mas a comunidade científica atesta que, de facto, o nosso planeta está enfermo. A prova está, pois, nas cheias repentinas, nos incêndios devastadores, nas tempestades, no risco de metade do nosso território estar em risco de desertificação. Tudo alertas que nos obrigam a repensar a nossa interação com o Mundo.
Durante muito tempo a humanidade fez um uso quase irracional dos recursos naturais, com as consequências que hoje conhecemos e sentimos. Mas a evolução da ciência e tecnologia, o progresso técnico, podem ajudar a reverter o estado de emergência climática em que o planeta se encontra. É por isso fundamental reencontrar o equilíbrio: o Homem tem de reaprender a comungar o seu espaço com o meio ambiente. A mudança de paradigma para uma economia circular e sustentável, que reduza o desperdício, que se reinvente e a reaproveite os recursos escassos é um dos elementos centrais para conseguirmos cumprir com a ambição das metas climáticas. Precisamos, como nos relembra o Papa Francisco, de uma ecologia integral do ser humano e do planeta.
Caso contrário, as consequências vão-se continuar a agravar, e passaremos na Europa a ter de acolher ainda mais migrantes que têm de abandonar as suas casas por deixaram de ter condições para viver em territórios desertificados, em particular no Norte de África. Precisamos de mudar de vida, apoiando os mais frágeis e com menos rendimentos, para todos, enquanto sociedade, podermos viver melhor.
Eurodeputada do PSD
