O Mundo não espera por nós
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Nos últimos anos, Portugal habituou-se a pensar o crescimento como um processo lento, quase inevitável. Habituou-se a falar de competitividade, inovação e investimento, mas tratando-os como conceitos de discurso político, e não como urgências nacionais. Entretanto, o Mundo avança, e avança rápido, determinado e sem esperar por quem hesita.
Estar hoje na Arábia Saudita é testemunhar essa mudança em tempo real. É um país que está a viver uma transformação económica e social sem precedentes e que decidiu diversificar a sua economia, apostar em tecnologia, atrair talento global e construir novos ecossistemas empresariais. As reformas são profundas, os objetivos são claros e, sobretudo, a velocidade de execução é impressionante. O que noutros países demoraria anos, na Arábia Saudita acontece em meses.
Esse contraste é abismal. Portugal tem talento, estabilidade e qualidade de vida. Tem também empresas inovadoras, universidades de excelência e empreendedores com visão. Mas continua a faltar escala, ambição e, sobretudo, ritmo. Continuamos a gerir o país à velocidade da papelada, ao mesmo tempo que o excesso de burocracia, a lentidão das decisões e a complexidade dos processos públicos são, hoje, as maiores taxas que uma empresa paga por querer crescer.
Enquanto discutimos reformas em conferências e estudos, outras economias executam-nas, desenvolvem estratégias de longo prazo, apostam em educação técnica, atraem investimento estrangeiro e simplificam regras. O Médio Oriente, o Sudeste Asiático e várias economias africanas estão a emergir como novos polos de crescimento global, pois estão a desenhar o futuro. Enquanto isso, nós, muitas vezes, ainda estamos a debater o passado.
Não é apenas uma questão de dinheiro. É uma questão de mentalidade e confiança. Países que apostam na rapidez de execução e na previsibilidade das regras são os que hoje lideram o investimento, a inovação e o emprego qualificado. Portugal precisa de se colocar nesse grupo: criar uma administração pública moderna, ágil e digital, que seja parceira das empresas; apostar em políticas fiscais e laborais que reforcem produtividade e talento; e definir uma estratégia de crescimento que ultrapasse os ciclos políticos.
Temos todas as condições para ser um país de vanguarda, mas ainda nos falta agir com a urgência de quem sabe que o tempo não espera. E, num Mundo que se move em alta velocidade, ficar parado é ficar para trás.
O futuro não é para quem observa, é para quem se move. E o Mundo, esse, já seguiu viagem.

