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Na passada semana, a Ordem dos Engenheiros-Região Norte assinou um pacto com 11 empresas que empregam, no seu conjunto, três mil engenheiros. Este pacto tem por objetivo a “imperiosa necessidade de fixar engenheiros em Portugal e de promover o regresso ao país daqueles que, entretanto, emigraram”.
A região Norte tem tido muita fama, mas pouco proveito. É o motor da economia nacional, afirma-se cada vez mais nos setores da economia do conhecimento, exporta muito, trabalha muito e continua a ser penalizada nos indicadores de redistribuição da riqueza produzida.
São muitos os sinais, como os que são dados simbolicamente no pacto entre a Ordem dos Engenheiros-Região Norte e as empresas, de que temos o diagnóstico realizado, sabemos o caminho a seguir, fazemos diariamente enormes esforços nas autarquias, nas universidades, nas empresas e nas instituições da região para lutarmos contra este estado de coisas.
Mas então o que nos falta? Qual é o motivo para não conseguirmos inverter a situação? Falta-nos uma regionalização de facto, que converta a região geográfica numa região política, administrativa, económica e social.
Não estará na altura de pararmos de adiar a regionalização e de fazermos desta reforma do país um tema central da agenda eleitoral que marca as próximas eleições de 10 de março? Poderemos discutir a Europa na campanha das eleições europeias de junho sem que o tema da Europa das regiões seja central no debate?
Por todo o território nacional sente-se a lacuna da regionalização, ainda que mitigada agora pelo reforço de competências das comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) e pela descentralização administrativa para os municípios e freguesias.
Quase sempre que as vozes contra a regionalização se fazem ecoar - tantas vezes demagógicas, cada vez mais populistas -, tem-nos faltado o contraponto dos factos e a demonstração clara de que a regionalização é um bem necessário ao desenvolvimento do país.
Desejo, por tudo isto, que as regiões se façam ouvir nas próximas campanhas eleitorais. Se não nos fizermos ouvir, continuaremos a adiar o futuro com a indecisão do presente. A esmagadora maioria dos autarcas é favorável à regionalização porque conhecemos bem o peso do centralismo e como esse peso tem sido prejudicial ao desenvolvimento equilibrado do país.
Não, o Norte não é uma ficção. O Norte somos todos nós, as portuguesas e os portugueses que tanto contribuem para o que o país tem alcançado. E o Norte é, também, o “Jornal de Notícias”.