O novo aeroporto nacional deve começar na Área Metropolitana do Porto
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Portugal está em estado de necessidade de capacidade aeroportuária devido à convergência do país com as economias e as sociedades mais desenvolvidas da União Europeia. Um novo aeroporto é uma necessidade premente, uma vez que o Humberto Delgado está sobrelotado e presta um péssimo serviço. No entanto, pôr o novo aeroporto de Lisboa a funcionar irá demorar pelo menos 15 anos – se tudo correr bem.
Ora, o país não se pode dar ao luxo de desperdiçar duas décadas de desenvolvimento por falta de transporte aéreo. O aumento da capacidade aeroportuária nacional deve, por isso, começar já nos próximos anos pela ampliação do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Não só este tem área para duplicar a atual pista, mas também os seus índices de procura indicam que o limite de capacidade está prestes a ser atingido... se é que já não foi.
A capacidade exportadora das empresas do Norte, assim como o turismo, são as principais razões deste crescimento. E há também uma qualificação crescente da população portuguesa (60% dos jovens já frequentam o Ensino Superior) que determina uma maior procura de transportes. Em 2024, os três aeroportos da Galiza fizeram juntos cinco milhões de movimentos de passageiros (MP). O Francisco Sá Carneiro sozinho fez 15,9 milhões MP no mesmo período: ou seja, é um aeroporto que serve todo o Noroeste peninsular – Norte e Centro de Portugal e a Galiza.O crescimento do turismo exige igualmente que a capacidade potencial do aeroporto da Área Metropolitana do Porto seja ativada quanto antes. Nenhuma atividade tem uma capacidade de arrastamento tão positiva de outros setores: quando o turismo está bem, estão bem os têxteis, o mobiliário, o calçado, as loiças, a construção civil, os vinhos, os transportes, etc.
Alargar a capacidade aeroportuária portuguesa nos concelhos da Maia e de Matosinhos enfrenta, porém, uma dificuldade e um desafio. A dificuldade é a passividade, e a falta de visão estratégica, com que o Governo tem lidado com a recusa da ANA - Aeroportos em investir a sério no Norte. O futuro Governo terá de lidar com a ANA de uma forma firme que defenda os interesses local e nacional!
O desafio é conter – e, em muitos casos, reverter – as externalidades negativas que o aumento de movimentos do aeroporto pode causar às populações vizinhas. O seu crescimento terá de estar associado a um forte investimento público e privado nas áreas do estacionamento, da mobilidade, da insonorização dos espaços públicos e das casas particulares. Para além do dinheiro privado, também o Governo terá de apoiar as autarquias da Maia e de Matosinhos em intervenções estratégicas de desobstrução e de qualificação dos seus territórios.
As populações da Maia e de Matosinhos têm de ser os principais beneficiários do crescimento do aeroporto. Não podem ser os sacrificados do desenvolvimento regional e nacional.