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Um livro para a consciência ecológica foi-me oferecido por uns amigos responsáveis pela Associação de Proteção dos Animais Abandonados do Cartaxo. Ser empático com os animais implica o respeito por cada animal/indivíduo e pelo papel ecológico de cada espécie. E quando a causa animal e a causa ambiental confluem, o bem comum vence.
O livro em causa, “A crise dos insetos”, apela à reflexão sobre como seria a vida sem o som e as cores dos insetos: o zumbido de uma abelha ou o cricrilar de um grilo; as cores deslumbrantes das borboletas ou das joaninhas; o trabalho de limpeza do planeta feito há 65 milhões de anos pelos escaravelhos; o piar dos noitibós, das corujas ou dos mochos... O “riso” do pica-pau também desapareceria sem os pulgões, as mariposas ou outros insetos dos quais se alimentam. Tal como a cria da andorinha, que precisa de 200 mil insetos para chegar a adulta.
Estima-se que bem mais de 1/3 da produção global das colheitas de alimentos dependa de espécies polinizadoras. Por multiplicarem os alimentos, serem alimento de aves e peixes, tratarem dos desperdícios, eliminarem pragas e regenerarem os solos, os insetos trabalham na economia invisível. Em Portugal estarão identificadas mais de mil espécies de insetos polinizadores entre abelhas, abelhões, vespas, moscas, borboletas, mariposas e escaravelhos.
A ciência grita sobre o declínio vertiginoso dos insetos que põe em causa a vida como a conhecemos: não serão apenas problemas de saúde mental a emergir por deixarmos de ter acesso a frutas e legumes nutritivos e saborosos, ao café, ao cacau e a tantos outros alimentos. A situação é grave ao ponto do colapso dos ecossistemas. Os insetos têm sido ignorados provavelmente por serem numerosos em espécie, por falta de investimento político na agricultura/agrofloresta regenerativa e biológica (substituindo o uso de pesticidas), pelo sobreuso do solo para fins pecuários (animais ou produção de ração) e pela incapacidade política em travar a destruição de espaços verdes. As más decisões políticas não podem obliterar o papel dos insetos na polinização, na decomposição ou na cadeia alimentar de outros animais. E...…o futuro é agora.