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O Governo entregou a proposta de Orçamento do Estado para 2010 com a sua já tradicional e conhecida falta de eficiência e rigor… Desta vez, foi já depois das dez da noite do último dia do prazo que a Constituição permite. Mas vá lá, ao contrário do ano passado - em que a "pen" tinha apenas metade do documento -, desta vez o cartão tinha lá tudo. Pena que o que lá está escrito seja tão mau para Portugal e para os que trabalham e sofrem neste cantinho à beira mar plantado…
Sem surpresa, o Orçamento reforça as políticas dos quatro anos de José Sócrates em maioria absoluta. Nessa altura, bem podiam o PSD e o CDS-PP fazer de conta que não estavam de acordo, até podiam votar contra e dizer ao País que nada tinham a ver com aquilo. E, melhor ainda, podiam mesmo dizer que aquelas políticas eram "socialistas" e de esquerda, enganando incautos e desprevenidos, escondendo que tudo aquilo fariam se estivessem no Poder…
Agora, sem maioria absoluta, PSD e o CDS já não podem fazer de conta que não estão de acordo com José Sócrates. Daí às negociações das migalhas, ao (falso invocar) da responsabilidade e do interesse nacional é um saltinho de criança!
Para dar crédito à encenação da telenovela orçamental só faltava mesmo alguém a dar as deixas da direita mais baixa. Como abutres a pairar sobre a dignidade de um País, as agências de rating, que há um ano diziam que bancos falidos tinham "notação" máxima, sopraram as ordens dos interesses financeiros que representam e que o Governo do PS traduziu para o Orçamento que toda a direita reconhece e vai viabilizar.
Em vez de convocar o País contra esta espécie de ultimato dos tempos modernos, o Governo fez o mesmo que o estertor da monarquia no século XIX: curvou a cabeça!