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A 12 de Fevereiro de 1947, Penafiel anunciava o nascimento de Joaquim Oliveira, aquele que viria a tornar-se no padrinho do futebol português. O seu percurso tem historia e à sua ascensão vincula-se o incontestável galardão de mérito, reconhecido por todos: presidentes, jogadores, políticos, família e amigos.
Antes da genialidade encontrar o seu destino, Joaquim Oliveira trabalhou na pensão "Roseirinha", em Penafiel, cozinhou, lavou pratos e serviu à mesa. Equivocados os que acreditam que a criação do primeiro império do futebol português caiu do céu.
Não estou aqui para relatar a história da fundação e ascensão da Olivedesportos no futebol português, essa já foi narrada e descortinada 777 vezes. O intuito do desígnio é revelar o homem, desvendar a essência e o mistério que assegurou uma hegemonia e um predomínio por mais de quatro décadas.
Só o homem que serve os outros tem verdadeiramente poder, a verdadeira força não reside na dominação ou controlo, mas na capacidade de influenciar positivamente a vida dos outros, protegendo, inspirando, motivando e capacitando-os.
Joaquim Oliveira fê-lo de forma exímia e genuína, um homem de duas famílias, a de sangue e a do futebol. Desde muito cedo preparou os seus filhos para que pudessem permutar o seu legado, enquanto no futebol socorreu e amparou vários presidentes e clubes em momentos de derrocada iminente.
Para um homem de negócios da sua envergadura, era de espantar a sua capacidade intrínseca de animar todo o ambiente onde estivesse, era hilariante e divertido, os presidentes não prescindiam nunca da sua presença primordial, após os jogos o ritual sagrado, vamos jantar com o Joaquim, nem sempre, mas quase sempre.
Fechar um acordo com Joaquim Oliveira era mais do que um negócio, era um enlace recheado de amizade e prosperidade vindoura, o convénio com o guardião. Tantos clubes teriam fechado as portas, não fosse a sua capacidade de resolução.
Joaquim Oliveira era o confidente de alguns e o conselheiro de outros tantos, criou o lago onde muitos peixes hoje nadam, sempre na sombra, fez do pequeno grande. E desta forma surgiram muitos "condes", como ele os apelidava amigavelmente.
Aproveitando uma cumplicidade que era profunda, partilho expressões que ficarão eternas: "deves pensar que sou alguma bilheteira"; "isso é uma utopia"; "não é grave, mas não deixa de ser um problema"; "tudo tratado, como pediste, conde"; "aprende a jogar o jogo das sombras e depois vem falar comigo".
A morte é uma utopia, a lágrima é real e sentida.
Eternamente especial, para sempre na minha vida. Adeus querido tio!