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Numa entrevista recente o ministro da Administração Interna desfilou um cardápio de investimentos nas condições remuneratórias dos profissionais da PSP (esquecendo que tal foi extensível a toda a administração pública), terminando a afirmar que “[...] não queremos dar um passo maior que a perna [...]”.
O problema é quando a perna é muito maior que o passo. Sendo a perna os problemas que a PSP atravessa e o passo a capacidade governativa para resolver questões estruturais.
Há anos que os vários representantes dos profissionais alertam para a falta de atratividade na PSP. Há anos que reclamam por tratamento igual ao aplicado a outros serviços do Estado.
Não há Ministério da Administração Interna, Ministério da Justiça ou Ministério da Economia. Há Estado Português e todos são funcionários do mesmo Estado e prestam o mesmo serviço imprescindível.
Quando se apresenta como bandeira o pagamento de um subsídio de risco de cem euros e, este mesmo Estado paga a outros quatro vezes mais, tal dever-nos-ia levar a uma reflexão sobre como olhamos para alguns cidadãos que, insistentemente, têm menos direitos do que outros.
Quando as únicas medidas que o MAI tem para apresentar como combate à falta de atratividade da profissão ou são pagas pelos próprios polícias ou por privados (e nem estas parecem conseguir concluir), percebemos que nos aproximamos a passos largos de uma “tempestade perfeita”.
Vivemos um tempo de gestão de imagem e de orçamento, onde parece que o único objetivo é conseguir empurrar os problemas para uma outra legislatura. Porque o sistema irá colapsar... mas já serão outros a quem apontar o dedo.
Até lá, andamos entre o passo e a perna ou a perna e o passo!