No JN, Sócrates apelou ao país para "assumir o Programa de Estabilidade e Crescimento". Espantosa advertência de um Primeiro-Ministro que faz de conta que a maioria dos que trabalham, os dois milhões no limiar da pobreza ou os seiscentos mil desempregados não sofreram já na carne os vendavais sociais provocados por outros PEC.
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A dependência externa do país, a sua permanente divergência comunitária, a inferior qualidade de vida face aos parceiros comunitários, os baixos salários e poder de compra dos portugueses, a 4ª taxa de desemprego da UE, a crise que já aqui existia antes da crise mundial, são consequências de programas de instabilidade e retrocesso parecidos com o que agora o Governo quer vender como "salvador da Pátria".
É claro que o país não assume nem vai aceitar pacificamente o PEC de Sócrates e Teixeira dos Santos. Os reformados, os trabalhadores podem ser obrigados a engolir os sapos do programa de retrocesso e injustiça social de Sócrates mas vão seguramente saber resistir às velhas receitas que penalizam os mais fracos e comprometem de novo o futuro de Portugal. Os cortes nas prestações sociais, nos salários, no investimento público, que Sócrates quer impor no seu PEC, mostram bem quem é que o Governo quer pôr a pagar a crise provocada pelo sector financeiro mas a quem, contudo, não faltaram milhões de ajudas directas e indirectas...
O novo PEC de Sócrates é tão mau, as suas consequências económicas e sociais podem ser tão devastadoras que há já quem se distancie dele. Há mesmo quem na direita parlamentar, a propósito de eleições internas, queira montar um guarda-chuva que os abrigue das consequências. Como se fosse possível imaginar que, fosse Coelho, Rangel ou Branco o líder, o PSD não acabasse por viabilizar o PEC que Bruxelas mandou aplicar em Portugal.