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Ponto de ordem: não sou, nunca fui, nem tenciono vir a ser presidente de um clube. Seja de que tipo for. Dito isto, eis o que nunca aconteceria se eu liderasse um clube e sentisse que tinha realmente perdido o histórico quinto título nacional seguido - afinal, só há um pentacampeão em Portugal! - porque um maldito “hacker” alegadamente descarregou imaculados emails, trocados entre impolutos dirigentes, assessores e fervorosos adeptos, uns com ligações à Justiça e outros com via mais ou menos direta para os homens que vestem quase sempre de negro e andam de apito na boca nos relvados, e depois os tornou públicos, sozinho ou com a ajuda de terceiros.
Nunca na vida iria pedir uma indemnização civil de um milhão de euros. Um milhão por um pentacampeonato! Isso nem nos saldos de uma qualquer “Black Friday” promovida por essas multinacionais do consumismo on line. Um penta tinha de valer, no mínimo, um pedido dezenas de milhões de euros. Nem que depois, no fim, o “hacker” malvado não tivesse sequer um cêntimo para me pagar. Por uma questão de princípio, quando sei que a razão está do meu lado, que não cometi nenhum crime, nem fiz vista grossa a ações dúbias, em termos legais e até morais, pediria uma indemnização do tipo “jackpot” do Euromilhões.
Aliás, se fosse continuar a ver escrutinados na praça pública os “segredos de estado” que me provocaram tantos danos - ainda cabe ao queixoso provar de que forma foi seriamente prejudicado pela divulgação ilegal do seu correio eletrónico -, nunca faria isso por uns trocos, só por uma quantia choruda. Se vou sujeitar os meus estimados colaboradores a reviverem o trauma causado pelo “hacker”, os meus talentosos jogadores a confessarem que desaprenderam de jogar futebol, quiçá até deixaram de dormir, devido à divulgação dos emails, a recompensa tem de ser milionária. Pedir um milhão pelo penta? Só se tivesse remorsos...
*Editor-adjunto

