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1. Ainda não se sabe qual será o custo da campanha. Muito menos onde, quando e como a campanha vai ser lançada. O que se sabe sobre a campanha é que tem um vídeo com Luís Figo. Um vídeo curiosamente gravado umas horas depois de um pequeno-almoço de campanha com José Sócrates. Um vídeo de campanha pelo qual Luís Figo recebe 750 mil euros, parte deles já pagos através de uma conta off-shore. Falo do vídeo da campanha do Taguspark, não do registo vídeo da acção de campanha matinal de José Sócrates e Luís Figo. Enfim, uma série de coincidências que se ficam certamente a dever a excesso de zelo de alguns boys que o Partido Socialista tem em tudo o que é canto. Ou para usar a expressão de um deles, uma negociata que resultou numa coisa um pouco pornográfica. Tanto pelo uso pouco transparente de dinheiros públicos, como pelo facto de ter enlameado o nome de um dos poucos portugueses que ainda mereciam respeito.
2. O candidato a líder do PSD, José Pedro Aguiar Branco, tão pouco dado a rupturas e a mudanças, decidiu partir a loiça. Foi um pouco a medo, mas a verdade é que abriu a porta a uma moção de desconfiança ao Governo, se ficar provado que houve intervenção no negócio entre a PT e a TVI. Partindo do princípio que a moção de censura passaria no Parlamento, teríamos provavelmente eleições antecipadas, pouco mais de meio ano depois das últimas legislativas. É difícil ser mais radical do que isto. Tanto que até Paulo Rangel acha que é capaz de ser precipitado. Quanto a Pedro Passos Coelho, prefere derrubar o Governo com a ajuda da crise económica e do desemprego. Uma estratégia mais demorada, mas talvez mais segura. O que pensa do assunto o proto-candidato Santana Lopes, saberemos dentro de algumas semanas, em Mafra, quando as "tribos em guerra" se juntarem no Congresso.
3. Já foram várias vezes anunciadas, mas não há meio de se concretizarem. Falo da introdução de portagens nas SCUT, concretamente na A28, na A29 e na A42. Um conjunto de auto-estradas que ligam o Porto a Viana do Castelo, Aveiro e Paços de Ferreira. No final da semana, alguns milhares de automobilistas fizeram ouvir os seus protestos, carregando nas buzinas. É difícil medir o impacto político que terá a introdução de portagens apenas nestas três auto-estradas. Mas terá certamente um impacto económico imenso na vida de dezenas de milhares de pessoas que as usam diariamente nas deslocações casa-emprego, ou nas milhares de pequenas e médias empresas que as usam para distribuir os seus produtos e fazer os seus negócios. Se o Estado precisa de aumentar receitas, não vale a pena manipular estatísticas sobre qualidade de vida, ou inventar alternativas viárias que não existem. Se andar nas auto-estradas sem portagens é um luxo que já não podemos pagar, então que se pague em todas e não apenas em algumas.