O perfume e o som na cidade do S. João
A cidade não é apenas o território físico e social que habitamos. Ela é também, a cidade dos afetos, pelas relações que estimula e dá palco. É a cidade da musicalidade, que advém dos diversos sons que pulam a cada esquina ou das crianças que correm freneticamente pelas ruas sem fim.
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A cidade é, ainda, o perfume que irradia sobre as praças e pedras da calçada do velho casario.
Quem não se recorda das fragrâncias das flores que a primavera brotava nos nossos quotidianos de criança, quando brincávamos na frente da nossa casa? Ou dos sons da mobilidade cruzados com os cheiros dos mercados da fruta, dos sons das máquinas de cimbalino do café que habitamos todos os dias, e do aroma que se eleva da chávena, ou do som do vento do mar, misturado com a maresia forte que tenta subir pelo rio que a abraça? São estes sons perfumados que moldam a cidade que amámos.
E o S. João é tudo isto. São ruas de sons e cheiros únicos, de balões coloridos e petiscos tradicionais, de convívios entre sardinhas e bailaricos populares.
Nunca o espaço público é tão vivido durante o ano, e a apropriação das ruas e ruelas coloridas por um frenesim incomparável, como se saíssemos de casa, loucamente, a primeira vez depois do inverno.
Como são inconfundíveis os perfumes e os sons da noite de S. João!
Mas esta noite não é só do S. João. É também do JN e dos seus assíduos leitores. Recordemos que ao JN se deve, através de referendo público promovido em 1911, passar o feriado municipal da cidade do Porto, de S. Pantaleão para o dia de S. João! A todos, festa feliz!
Vamos todos caminhar
E lançar o balão
Pelas ruas a cantar
Viva o S. João!