A Igreja Católica adotou, por vezes, uma postura de oposição aos avanços científicos e aos novos meios de comunicação. Ultimamente, porém, prefere destacar as suas potencialidades e alertar para os perigos.
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Neste mês de novembro, o Papa Francisco, através da sua Rede Mundial de Oração, convoca todos os cristãos a rezar "para que o progresso da robótica e da inteligência artificial esteja sempre ao serviço do ser humano". No vídeo produzido para divulgar essa iniciativa, o Papa destaca as enormes virtualidades desses avanços científicos para criar um Mundo melhor. E deseja que eles não contribuam para uma maior desigualdade mas promovam "uma equidade e uma inclusão social cada vez maior".
Em relação à Internet, em 2002 a Igreja já tinha adotado essa mesma postura. No seu primeiro documento sobre o tema "Igreja e Internet", do então Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, destaca as oportunidades e desafios que esse novo meio de comunicação estava a gerar. Simultaneamente, esse mesmo organismo publicou o documento "Ética na Internet", o qual chamava a atenção, entre outros, para o perigo da "exclusão digital", daqueles que não têm acesso às tecnologias.
Ambos os documentos não referem, porque ainda não existiam, as redes sociais, que, como tudo o que é humano, têm enormes potencialidades, mas que se estão a revelar tremendamente nefastas para a vida em sociedade. Já se referia no documento sobre "Ética na Internet" o perigo da manipulação da opinião pública e de desinformação, sobretudo nos regimes autoritários. Não se previram, então, os efeitos da Internet e, sobretudo, das redes sociais, nas sociedades democráticas, como disseminadoras de notícias falsas e promotoras de populismos que estão a dinamitar a sadia convivência social e, até, a própria democracia.
Apesar do seu poder, as redes não são omnipotentes, como se provou nas eleições norte-americanas. Está-se, contudo, ainda longe de perceber os efeitos que terá, na América e no Mundo, a forma acrítica como milhões de apoiantes de Donald Trump absorvem mentiras. A democracia tem pela frente um duro combate.
*Padre