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O pior é a guerra. A continuação da guerra na Ucrânia, com a Rússia a anular todos os esforços dos ucranianos para se libertarem da invasão decidida por Putin. E a paz a continuar distante no horizonte. À guerra na Ucrânia soma-se a guerra no Médio Oriente, iniciada com o ataque do Hamas, mas depois ampliada sem limites pelo Governo de Israel, que destrói Gaza, massacra os seus habitantes e escala o conflito no Líbano. Do Iémen até, mais recentemente, à Síria, a guerra no Médio Oriente não dá sinal de poder ser interrompida por uma paz durável. E, para susto de todos, a guerra continua a espreitar no estreito de Taiwan, com uma intervenção cada vez mais musculada de Pequim.
Má, muito má também, é a ascensão do extremismo na Europa e nos EUA. Na Europa, assusta o potencial crescimento da extrema-direita em França e na Alemanha. Nos EUA, assusta a vitória de Trump e a sua aliança com Musk. Intimidando os vizinhos, México e Canadá, inclusive com ameaças de reivindicações territoriais e com Musk declarando o seu apoio à AFD na Alemanha. Trump faz crescer a incerteza sobre o Mundo no futuro próximo.
O melhor continua a vir da ciência. Crescem as esperanças de sucesso na produção viável de energia elétrica a partir da fusão nuclear, energia limpa e quase inesgotável. Uma boa notícia, sobretudo num contexto em que parece começar a resultar a pressão egoísta para a redução da ambição das metas no combate à crise climática. Boas notícias, igualmente, no campo da medicina, em particular com os novos progressos nas terapias de combate ao cancro. Neste campo, as boas notícias irão, infelizmente, conviver com as nomeações de Trump para a liderança dos organismos públicos de saúde nos EUA e o anúncio da retirada deste país da Organização Mundial de Saúde. 2024 foi ainda o ano da confirmação do sucesso anunciado da inteligência artificial. Como dizia na crónica que fechou o ano de 2023, com todas as promessas e ameaças sempre presentes, suscitando a necessidade de regulação urgente dos usos desta nova tecnologia.
E em Portugal? No país, tivemos eleições e mudança de Governo. Acontecimento banal numa democracia consolidada, mas que teve origem num acontecimento, ainda em 2023, que não devia ser banal nem votado à indiferença. Preocupante é a tendência para a contaminação do sistema partidário pela agenda de extrema-direita do Chega. Que as imagens dos encostados à parede com que acabamos o ano sejam o alerta que faltava para travar aquela contaminação é o meu voto para o novo ano de 2025.