O Governo soprou ao semanário "Expresso" que arranjou uma pessoa para lhe "salvar" a economia.
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Na verdade, Costa foi buscar um engenheiro de minas - antigo quadro da "Sonangol" nos anos 80, presidente-executivo da Partex (a gestora de petróleos e activos derivados da Gulbenkian que passou para mãos chinesas da CEFC, embora inicialmente "prometida" a tailandeses) e do conselho consultivo da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos - para "planificar" a resposta à crise que aí vem e a consequente retoma. O primeiro-ministro terá passado por cima do Governo todo, ao qual omitiu quaisquer explicações, e deu carta-branca ao eng.o António Costa e Silva para se movimentar junto dos ministros. Até já o terá exibido numa reunião com parceiros sociais. Costa talvez tenha achado prudente precaver-se da crise provocada pela covid-19 e enviou um sinal público da sua "preocupação" já a pensar nos futuros milhões "covid" da Comissão Europeia. Sucede que o sinal é contraditório. Por um lado, revela a conta em que tem os seus ministros. Sobretudo o das Finanças, com saída marcada para daqui a semanas, e o Adjunto e da Economia, o "número dois" deste segundo executivo socialista da era Costa. Por outro, Costa e Silva extravasará a função de mero consultor (no Governo de Passos Coelho, António Borges foi consultor do ministro das Finanças para as privatizações) e apresenta-se (apresenta-o Costa) como um supraministro paralelo, sem direito a Conselho de Ministros e à consequente fiscalização parlamentar inerente à função governativa. Como se isto não bastasse, e independentemente das boas ideias do senhor engenheiro, ainda há dois anos desaconselhava fortemente o investimento em Portugal e criticava uma governação socialista capturada "pelo que dizem os autarcas e a opinião pública", a propósito de o Governo ter deixado cair a prospecção de petróleo na costa algarvia. Mais. Costa e Silva elogiou publicamente Álvaro Santos Pereira por causa do interrompido plano de reindustrialização do então ministro da Economia e Emprego, que caiu com ele em Julho de 2013, para entrar, e ficar, o circuito das feiras internacionais e do turismo. Agora, consta, vai ajudar Costa a retomá-lo depois de o turismo, o grosso exportador sem reindustrialização, ter caído 97% quando nos colocámos numa dependência pornográfica dele. O primeiro contacto ministerial do novo planificador da pátria foi com sr. Fernandes, do Ambiente, por causa das "incompatibilidades". Como se isso fosse um problema no universo socialista e equiparado. Boa sorte.
* Jurista
O autor escreve segundo a antiga ortografia