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Agora que a vida política parece ter mais interesse e os responsáveis dos partidos políticos parecem compreender que a participação cívica pode desempenhar um papel relevante, chegou o tempo de utilizar todos os argumentos.
Tudo isto vem a propósito de alguns comentadores, que se costuma encontrar nas televisões e nas redes sociais, e da sua capacidade de nos fazerem compreender o Mundo. Este conjunto, muito significativo de especialistas, quase todos com a sua própria agenda, tem vindo a procurar impor aos portugueses uma realidade que não coincide com aquilo que estes encontram.
Agora que vamos ter eleições autárquicas, eleições presidenciais e que se começam a dar os primeiros sinais, algumas dessas personalidades procuram dizer quem pode ou não pode estar em jogo.
Em primeiro lugar, sejamos claros, os partidos políticos são decisivos em democracia e não existem partidos com qualquer tipo de domínio no sistema político. As últimas eleições legislativas mostraram isso de uma forma muito incisiva. O tempo das cercas sanitárias parece estar a dar lugar a outro tipo de forma mais refinada de separação entre os que podem estar na política e os que não podem fazer política.
Acredito sinceramente que as eleições autárquicas irão evidenciar a responsabilidade dos candidatos e procurar trazer, para o debate, projetos políticos que não sejam só manifestações de vaidade pessoal ou incubadoras de egos calculistas.
O Porto, neste particular, apresenta-se variado e para todos os gostos.
Claro está que nesta participação política começa a ser habitual procurar instalar uma certa narrativa quando o candidato vem de fora do sistema ou já conhece o sistema e procura trabalhar na sua reforma. Essa narrativa vive muito do poder da mentira que, começando nas redes sociais, alastra depois aos restantes média como consequência de quem, provavelmente, não sabe do que está a falar. Alguns comentadores, porque devem ler média internacional, ainda conseguem dizer coisas com interesse. Poucos são os que trazem novidade ou coerência para o debate. Alguns estão a cumprir sugestões e outros a procurar aparecer para depois serem promovidos para outras formas mais institucionais de fazer política.
Num tempo que vai ser muito desafiante fica a expectativa de que não vale mesmo tudo. As chamadas notícias falsas ou alguma transmissão de perceções são táticas que começam a aparecer. As últimas eleições legislativas evidenciaram isso. Esperemos que não seja o tempo do poder da mentira. Para isso já chegam certas personagens.