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Esta época do F. C. Porto foi medíocre, pior do que a última que havia sido má ou da anterior que fora sofrível. Foram três anos abaixo da nossa, azul e branca e portista, linha de água. Exigência mas realidade. Há quem festeje fins de ciclo sem ter saído do primeiro microciclo de vitórias. Há até mesmo quem festeje aproximações ao futebol espectáculo que valem tanto como as antigas vitórias morais que sucederam à época em que os 5 violinos abandonaram as prestações artísticas. Dizer que Benfica e Sporting foram melhores esta temporada é uma verdade indiscutível. Esquecer que competiram com o pior F. C. Porto de que tenho memória é algo que não se pode esquecer. Olhar a realidade de frente, sem sofismas e com resolução. Sabendo que, à dimensão do nosso fundo, o "portismo" tem muito boa consciência dos factos.
Vamos aos ciclos, sabendo que só se fala do passado porque o presente assim nos obriga. Esta época terminou com um tricampeão que já não o era há 39 anos, período no qual (findo o "jejum dos 18" em 77/78) o F. C. Porto ganhou 22 títulos nacionais, foi penta, tetra e tricampeão, ganhou 5 títulos europeus e 2 títulos mundiais. Esta época terminou com um vencedor da Supertaça que nesses 39 anos apenas ganhou o campeonato por 4 vezes e que não vencia uma Supertaça há 6 anos, período no qual o F. C. Porto ganhou 5. Esta época acabou com um vencedor da Taça de Portugal que não a conquistava há 50 anos. Parabéns ao Braga, parabéns a todos. Menos ao F. C. Porto que, verdadeiramente, foi a única equipa que não merecia ganhar nenhum título esta época ainda que merecesse ganhar o último jogo do ano. Evita-se a consolação e assim não há forma que afaste o conteúdo: há que mudar e muito se queremos voltar a ganhar e manter o enorme ciclo de vitórias do pós-25 de Abril. O ciclo do futebol em liberdade.
Apresentem-me uma Direcção de um clube histórico que esteja unida no momento das derrotas. Essa terá que ser a Direcção do FC Porto na próxima época se quiser ganhar. E mais do que sê-lo há que parecê-lo. Não basta uma qualquer realidade se não passar a mensagem. Façam acreditar. Para o F. C. Porto não há impossíveis. Nem fomos, nem somos. Só futuro. A comunicação do "Somos Porto" não pode mais ser um verbo de encher acompanhado de um grandioso nome de família. Há gente da casa, Andrés e Rúbens. E há também gente que parece ter entrado para querer ficar. Que se abra a porta e se façam escolhas. Sejam cirúrgicos. Não é preciso inventar, façam de adeptos, parem de lamber as feridas ou abrir outras. E lembremo-nos do que foi feito em 2002/03 após perdemos três campeonatos seguidos. Ganhámos juízo e fizemos história.
MÚSICO E ADVOGADO