Os debates, como o de ontem à noite, e a campanha na rua transmitida na televisão, serão importantes para definir o resultado de 6 de outubro, na exata medida em que servirem para mobilizar os diferentes eleitorados.
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Dificilmente existirão novas transferências de votos significativas de uns partidos para os outros e o que a sondagem de ontem, no JN, revela é que a maior indecisão dos eleitores é, nesta altura, sobre a ida às urnas e não sobre o partido em que vão votar, caso resolvam exercer o seu direito, cumprir o seu dever. É sintomático que quase dois terços dos indecisos (17 p.p. em 26) sejam de eleitores que nas últimas legislativas votaram no PS e no PSD.
A maioria absoluta do PS joga-se, em igual medida, na sua própria capacidade de concretizar todo o seu potencial eleitoral e do PSD não ser capaz de mobilizar o seu núcleo duro de eleitores. Se se confirmar a redução da distância que separa o PSD do PS, anunciada ontem pelo estudo da Pitagórica, então, os socialistas terão dito adeus à maioria absoluta. É que essa maioria, longe de poder ser conseguida pelos 45% de Sócrates em 2005, pode acontecer pela grande distância entre os dois maiores partidos, com o método de Hondt a favorecer os socialistas na distribuição dos deputados, principalmente nos grandes centros urbanos.
Nestes propósitos de conseguir uma maioria ou de a impedir, o curto espaço de tempo até às legislativas poderá jogar a favor de quem tem por missão conseguir vencer com uma derrota honrosa. Rio sempre disse, mas poucos o quiseram ouvir, que não tinha pressa e que tudo se jogaria a um mês das eleições. Embora apontasse para uma vitória que nunca esteve no plano das hipóteses reveladas por qualquer estudo de opinião, o líder do PSD terá percebido que tudo se joga na capacidade de conseguir mobilizar para o seu partido, pelo menos, 25% dos votos expressos. A tendência agora deverá ser a de recuperar parte desse eleitorado, depois de já ter batido no fundo.
Tendo por base a diferente informação revelada pela sondagem JN/TSF, o espaço para chegar a um resultado que lhe dê a maioria absoluta, também se joga no caso do PS na capacidade de mobilização. A verdade é que Costa já dramatizou até aos limites do que era possível. Primeiro com a ameaça de demissão a propósito da contagem integral do tempo congelado na carreira dos professores, depois com a tese de que um BE reforçado tornava o país ingovernável. Agora, Costa procura pôr alguma água na fervura e os socialistas vão repetir à exaustão que não se ganham eleições nas sondagens.
*JORNALISTA