Antes do dia 12 de agosto, devemos abastecer as viaturas para precaver a greve dos camionistas, se seguirmos o conselho do ministro das Infraestruturas. O mesmo responsável político que, há cerca de duas semanas, dizia que o Governo tudo faria para acautelar os interesses dos portugueses.
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A verdade dos factos é que o país fica novamente refém desta classe profissional, muito mais do que alguma vez ficou com qualquer outra. E Nuno Santos, mesmo que seja apenas um mediador de um conflito entre sindicalistas e patrões, parece pouco mais ter a dizer do que "abasteçam". É o mesmo que afirmar "quem tem pernas que corra". Não soa bem.
O ministro tem, contudo, razão quando afirma que "as eleições não deviam ser estímulos para que se façam greves". É verdade. Não devem ser estímulos para os grevistas, como não devem ser, por exemplo, os incêndios e as férias de uma grande parte da população. Nada devia estimular greves a não ser a sua legítima necessidade. Por isso, depois das declarações do ministro e das do advogado dos camionistas - que assume que se não conseguir os seus objetivos antes das eleições, depois será mais difícil -, os receios da população são legítimos. Estamos todos em "stand by", antes de irmos gastar parte do nosso subsídio de férias a atestar o depósito e a guardar combustível em bidões. Face à falta de consenso entre a Antram e os dois sindicatos que representam os camionistas para o estabelecimento de serviços mínimos, a Entidade Nacional para o Setor Energético garante que Portugal tem reservas de combustível que permitem assegurar o funcionamento do país durante 90 dias em caso de emergência energética. O que não evitará a corrida ridícula por combustível.
O debate sobre a necessidade de uma requisição civil preventiva é, por isso, mais do que justificado. Neste e noutros casos. Caso contrário, também nos podem vir a aconselhar evitar adoecer, trabalhar ou ir de férias.
*Diretor-adjunto