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A Câmara Municipal de Oeiras organizou um debate sobre o presente e o futuro da educação em Portugal. Foi uma jornada que, ao longo do dia 11 de março, contou com a participação de mais de 30 peritos, políticos, ex-governantes, académicos, professores, editores, diretores de escolas. O programa cobriu todas as questões relevantes: o contexto de mudança e incerteza em que vivemos; as desigualdades como obstáculo ao sucesso escolar; a aprendizagem e o ensino da matemática e da leitura; a formação, o recrutamento e a carreira dos professores; o papel das famílias; a liderança das escolas; as tecnologias digitais e os desafios colocados pelos seus usos. Sobre todos eles existem hoje estudos de diagnóstico e informação estatística, trabalhos académicos e análises de peritos que permitem um bom conhecimento do sistema de educação em Portugal em termos comparados internacionalmente.
Diria que a primeira condição para construir o futuro é conhecer a realidade presente e a sua evolução, ter bem presentes os caminhos já percorridos. Importa, porém, que do conhecimento se retirem consequências, isto é, que ele sirva para basear a ação.
A segunda condição é a efetividade daquilo que cada um dos intervenientes no sistema educativo faz, ao seu nível e no desempenho do seu papel. Quem tutela deve assegurar os recursos e as orientações necessários ao efetivo cumprimento da missão da escola. Quem lidera deve assumir a responsabilidade pelo funcionamento efetivo do bem público que tem à sua guarda. E quem ensina deve garantir que os alunos efetivamente aprendem. A ambição de fazer melhor e a exigência de efetividade do ensino e das aprendizagens no presente são a melhor forma de construir o futuro da educação.
Finalmente, a terceira condição é o acompanhamento de proximidade e a atenção aos problemas emergentes. O contexto atual, na educação, é de relativa estabilidade e previsibilidade. Há, porém, um problema que, não sendo novo, tem vindo a ganhar dimensão preocupante. Na área metropolitana de Lisboa, em particular, as desigualdades económicas e sociais dos alunos, as dificuldades de domínio da língua por alunos imigrantes são agravadas pelas desigualdades territoriais que pesam sobre as escolas e as impedem de cumprir a sua missão.
Jean Monet disse, em 1952, que “nada há de mais estéril do que, no contexto do presente, antecipar as questões que se colocarão apenas no futuro, porque o objeto da nossa ação é, precisamente, transformar o presente”. É desta orientação que precisamos para construir no presente o futuro da educação em Portugal.