Amanhã, milhares de jovens jogam grande parte do que será o seu futuro. Para muitos, será o começo do embate com uma dura realidade, a prova de que, por vezes, mesmo esforçados, não atingem a meta. Outros verão o esforço de anos compensado e a candidatura ao Ensino Superior será um passo num caminho traçado há muito.
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Demasiados, no entanto, ficam à porta de um sonho para o qual trabalharam arduamente. São alunos de excelência, como agora é usual dizer-se. Sempre foram os melhores ou dos melhores, mas, por uma ou duas décimas, ficam privados de entrar no desejado curso - embora na pauta tenham notas da ordem dos 18 valores.
Será aceitável um aluno terminar um ciclo de ensino com média de 18 valores e ficar de fora do curso pretendido? E não terá este crivo, de malha tão fina, atirado tantos jovens para cursos com poucas vagas e logo com emprego garantido? Não por gosto e vocação, apenas porque vislumbram um emprego e o sucesso, muitas vezes apresentado como o sentido da vida.
O que dá sentido à vida será o sucesso ou a possibilidade de exercermos uma profissão para a qual nos sentimos dotados e verdadeiramente gostamos? Que cidadãos formamos quando reduzimos o horizonte a um mero caminho na direção do sucesso? O que acarreta, além do mais, valer tudo para atingir o objetivo? Como se tem visto com certos encarregados de educação a matricular os filhos em escolas onde as notas, eles sabem, são inflacionadas para facilitar a via do almejado sucesso.
Como acabar com este pesadelo? Talvez com a universidade a abrir portas a mais jovens, através do aumento do número de vagas, e, por consequência, sendo as médias de acesso mais baixas - tornando assim a escolha de um curso o desfecho natural de um ciclo.
Editora-executiva-adjunta