O Príncipe da Liberdade
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Francisco Pinto Balsemão é uma das figuras que marcam a história de Portugal. Balsemão foi empresário dos media, político reformista, primeiro-ministro, jornalista e, acima de tudo, um democrata. Com a sua partida, o tributo que lhe é prestado é transversal da esquerda à direita, porque a sua vida confunde-se com a consolidação das nossas liberdades.
No final da ditadura, integrou a Ala Liberal, desafiando o conformismo do regime. Depois do 25 de Abril, esteve na fundação do PSD em 1974. Chegaria a primeiro-ministro em janeiro de 1981. No seu mandato, destacou-se a revisão constitucional de 1982, que extinguiu o Conselho da Revolução abrindo caminho a uma democracia mais madura e à futura adesão à CEE.
Mas o seu compromisso democrático não se esgota na política. Em 1973, fundou o semanário Expresso, jornal que foi escola do jornalismo português. Com a SIC, inaugurou a televisão privada, rompendo o monopólio do Estado.. A liberdade de imprensa é condição necessária para a liberdade política e Balsemão foi um dos nomes maiores do jornalismo em Portugal.
Balsemão era um verdadeiro Príncipe da Liberdade. Os seus órgãos de comunicação social nunca foram escudo partidário. Pelo contrário, não hesitaram em incomodar, criticar e escrutinar o PSD quando entenderam que o deviam fazer, inclusive durante o governo do próprio Balsemão. A independência editorial não deve curvar-se perante conveniências e essa ética tornou-se a sua marca e o seu legado.
Honrar o ex-primeiro-ministro é reconhecer que a democracia precisa de instituições, mas também de pessoas que as sirvam com caráter. Juntamente com Mário Soares e Francisco Sá Carneiro, Balsemão foi um dos baluartes do Portugal democrático. Seja na política, seja no jornalismo, Francisco Pinto Balsemão deixou o mundo melhor.

