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Somos um país magnifico. Mas, de acordo com a OCDE, estamos próximos da cauda no que diz respeito à felicidade. Não vemos o presente com bons olhos e não acreditamos num futuro melhor. Muitos emigram; outros queixam-se dos que chegam. Mas o maior dos problemas é a habitação. Acontece que, seja o que for que o Governo esteja a fazer neste domínio, não funciona: os preços das casas continuam a subir (muito) mais do que os salários. Entretêm-nos com burcas e nacionalismos. E nós, que gostamos mais de nos queixar do que de mudanças, sobretudo se as mudanças, ainda que melhorem a vida de todos, prejudiquem um bocadinho que seja a nossa, deixamo-nos ir. Nada mudando, há já quem nem sequer leve a mal que se tome por D. Sebastião um morto responsável por milhares de mortes em África; por perseguir, prender e torturar quem pensava diferente dele ou por nos envergonhar a todos com a quantidade de analfabetos e pobres que tínhamos. Mas, pelo menos, expliquem-nos por que é que, em Munique, se multa quem tem uma casa vazia há mais de um ano e, no Porto e noutras cidades portuguesas, não; por que é que quem compra uma quarta casa na Noruega paga um enorme imposto e em Portugal não; por que é que, em muitos países, quando se constroem prédios, é obrigatório reservar uma parte para arrendamento social e em Portugal não; ou por que é que em Madrid, Berlim ou Paris o alojamento de curta duração só é permitido durante menos de 2 ou 3 meses por ano e no Porto, e não só, (quase) não há regras.

