Teorias da conspiração sobre a origem da covid-19 há muitas, como os chapéus do Evaristo.
Corpo do artigo
Gostei muito de ver a serenidade e o discurso responsável do prof. António Sarmento no momento mediático que teve depois de lhe ter calhado ser o primeiro português a receber a vacina, no nosso Hospital de São João. São exemplos destes que nos fazem preferir sempre a transpiração a qualquer conspiração. Mas que las hay, las hay...
Desde uma possível arma biológica criada em laboratório na China ou na Rússia, até à hipótese de ter sido financiado pela fundação Bill Gates ou pela tecnologia 5G, há também quem proponha que o novo coronavírus foi servido ao Mundo numa sopa de morcego chinesa. Teorias da conspiração, lá está, há muitas e parecem afetar não só a imunidade como também a sanidade mental humana.
Isto porque se é verdade que "de médico e de louco todos temos um pouco", o que pode dar um desconto a quem a elas adere, parece-me seguro dizer que no que toca à covid-19 o melhor que podemos fazer é confiar em quem está na linha da frente do combate à pandemia. Sempre!
Com esta minha preferência pela transpiração contra a conspiração, não estou a propor um estilo "come e cala" em relação às informações transmitidas pelos órgãos institucionais (até porque gosto sempre de acrescentar uma pitada de sal e piripiri ao que me servem). Já que estamos próximos da última jantarada do ano, sugiro que, ao invés de comermos "a papinha toda feita", possamos cozinhar, com sentido crítico mas também com a confiança que nos orienta nesta luta contra a pandemia, a nossa própria refeição (ou teoria, se assim lhe quiser chamar).
Quer isto dizer que se queremos assumir-nos como uns verdadeiros chefs do nosso pensamento, o melhor é não seguir uma receita que encontramos por acaso na net. Sugiro antes procurar os ingredientes (os factos, neste caso) nos locais certificados para o efeito para que finalmente possamos vestir o avental e colocar a colher de pau em punho para cozinharmos a nossa própria refeição mental.
Em caso de dúvidas ou hesitações, é sempre útil aprender com quem sabe do assunto e não arriscar em condimentos (ou alucinações) que podem estragar o prato a ser servido.
Metáforas alimentares à parte, até ao momento nenhuma teoria da conspiração da covid-19 se baseia em evidências plausíveis. Na dúvida, o melhor é manter a tradição nesta quadra natalícia e servir bacalhau, rabanadas e sonhos de um espetacular Ano Novo, não arriscando em pratos alternativos, como uma sopa de morcego chinesa.
Tudo bem acompanhado por caldos de galinha. À cautela...
*Empresário