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Num ranking recentemente realizado pelo Finantial Times, o Ministro das Finanças Português foi colocado em 16.º lugar entre 19 congéneres europeus. Não entendo que a determinação da aptidão de um Ministro possa ser vista como o resultado de uma espécie de festival da Eurovisão. Sustento que o Ministro é uma pessoa de elevada competência no plano técnico e que é um adversário político duro e empenhado. Tenho aliás por Teixeira dos Santos, e parte da sua equipa ministerial, estima pessoal. Mas não é nada disto que está em causa.
A consideração que foi feita, e que vale o que vale, assenta num juízo sobre a política financeira e económica deste governo. É mais do que evidente que Portugal tem problemas estruturais sérios e que o Governo foi a reboque do voluntarismo irresponsável de um Primeiro-Ministro que se negou (e nega) a aceitar uma crise que era evidente. São esses os grandes "pecados" de Teixeira dos Santos. Na altura em que foi necessário travar o Primeiro-Ministro - bem como a construção da realidade virtual que se estava a criar - o Ministro das Finanças não se impôs. Imagino as angústias com que se debateu, mas o facto é que a linha da negação da verdade e o imobilismo nas acções venceu.
É evidente que o Ministro das Finanças não pode obrigar os seus colegas da Justiça, do Trabalho, da Saúde, da Educação, ou da Economia a fazer as reformas. É verdade que os juízos públicos são injustos. É óbvio, como se diz popularmente, que "no melhor pano cai a nódoa". No entanto, os juízos políticos são implacáveis. Erros sucessivos retiram credibilidade.
O juízo do Finantial Times demonstra isso mesmo. O que está em causa é a forma como se analisa um Governo que não é explícito nas reformas que vai fazer; que assume uma postura em Bruxelas e outra em Lisboa; e, que não apresenta uma única ideia inovadora.
Não está em causa uma pessoa, mas um todo e uma liderança. Ao mudar esta, e se tal abrir um caminho para um Governo de amplo apoio parlamentar, pode estar em aberto o bom enquadramento de personalidades competentes.